O fazendeiro Norberto Mânica, condenado por matar três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, durante uma fiscalização em Unaí (MG) em 2004, foi capturado pela Polícia Civil na quarta-feira (15), em Nova Petrópolis. O caso recebeu repercussão nacional e ficou conhecido “Chacina da Unaí”. O autor dos homicídios estava foragido desde setembro de 2023.
Nesta quinta-feira (16), a audiência de custódia confirmou a prisão. O procedimento foi conduzido pelo Juiz de Direito Franklin de Oliveira Netto, da Comarca de Nova Petrópolis.
Segundo o delegado titular de Nova Petrópolis, Fábio Idalgo Peres, Mânica já estava há pelo menos três dias no município. Segundo ele, a interlocução com as delegacias em Minas Gerais possibilitou que os agentes policiais locais suspeitassem da presença dele na cidade. Após diligências, ele foi localizado em um sítio próximo à divisa com Gramado. Conforme o delegado, Mânica planejava permanecer por um tempo extenso no local.
“Ele planejava ficar por um bom tempo, porque a propriedade em que ele estava já havia sido adquirida com essa finalidade”, comenta o delegado.
Mânica não portava documentos e telefone e estava com cerca de R$ 5 mil em dinheiro. O delegado comenta que ele utilizou um nome falso ao se identificar no momento da abordagem.
“Ele estava sem documentos pessoais e foi levado para a delegacia e deu um nome falso, demonstrando total falta de conhecimento sobre o estado. Somente no momento em que dissemos que ele não iria sair dali sem dizer o seu nome verdadeiro, é que ele confirmou quem era foragido. Ele tinha acabado de chegar ao município”, comenta Idalgo.
Mânica foi preso e encaminhado ao Presídio Estadual de Canela. De acordo com a polícia, ele teria manifestado o desejo de cumprir pena em Francisco Beltrão (PR). Contudo, a medida não foi autorizada e ele deve cumprir pena em alguma penitenciária de Minas Gerais.
Entenda o caso
Norberto foi condenado pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio qualificado, em 2023, pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), de Belo Horizonte. A sentença é de 64 anos de prisão.
O fazendeiro e o seu irmão Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, foram condenados pelos homicídios dos fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira.
A chacina aconteceu em 28 de janeiro de 2004, na zona rural de Unaí. As vítimas apuravam denúncias de trabalho escravo em uma das propriedade de Norberto Mânica, irmão do então prefeito da cidade, Antério Mânica. Antério se entregou às autoridades policiais em setembro de 2023.