COMBATE AO CRIME

'Bento Gonçalves não é uma cidade violenta', afirma tenente-coronel da Brigada Militar

Apesar dos 3 homicídios de 2025, Flori Chesani Júnior, comandante do 3° BPAT, destaca avanços em outros indicadores da segurança pública

'Bento Gonçalves não é uma cidade violenta', afirma tenente-coronel da Brigada Militar
Foto: Patrick Alessi/Grupo RSCOM

Nos primeiros cinco dias de 2025, Bento Gonçalves contabilizou três homicídios, alcançando o maior índice da Serra Gaúcha no período. Embora os números preocupem, autoridades locais classificam os casos como pontuais e ressaltam os avanços significativos em outros indicadores de segurança pública.

De acordo com o tenente-coronel Flori Chesani Júnior, comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT) da Brigada Militar, os assassinatos estão relacionados ao tráfico de drogas.

“Esses homicídios fogem da normalidade da cidade. Com base nos antecedentes dos envolvidos, nas circunstâncias e locais dos crimes, podemos afirmar categoricamente que estão ligados ao tráfico, ou seja, à sustentação do vício”, explicou.

Tenente-coronel Flori Chesani Júnior | Foto: Marcelo Oliveira/Grupo RSCOM

Estratégias de prevenção e combate

A Brigada Militar, em conjunto com outros órgãos de segurança, adota uma abordagem integrada que inclui três etapas principais: aumento da presença policial na área, identificação dos responsáveis e seus mandantes, e realização de revistas em presídios para coibir ordens emitidas por detentos. Além disso, transferências para presídios de segurança máxima fazem parte das medidas implementadas.

Chesani comentou ainda a resposta das autoridades em um caso de grande repercussão no fim de 2024, quando um homem foi morto em frente à filha no centro da cidade.

“A gente trata como um fato pontual, onde houve a imediata prisão do autor, em razão de que a Guarda Municipal possui um posto base muito próximo, a 100 metros do local”, ressaltou.

Desafios

O comandante aponta que a redução de crimes violentos letais intencionais, como homicídios, feminicídios e abortos, será o principal desafio de 2025. Em 2023, foram registrados 33 crimes deste teor, número que subiu para 39 em 2024, sendo uma morte por aborto e outras duas em confronto com a polícia.

“Logicamente, é um número que nos desafia e nos busca focar um trabalho para reduzir esses indicadores. Porém, esse é o único crime que está diferente dos demais no município”, declarou.

Além disso, o combate ao tráfico de drogas permanece entre as prioridades, com ações de fiscalização intensiva. Em 2024, mais de 18 mil pessoas foram abordadas, 67 armas foram apreendidas e 73 foragidos capturados.

Dados das ações do 3° BPAT em 2023 e 2024 no município

Avanços em outros indicadores

Apesar dos desafios com os homicídios, Bento Gonçalves tem apresentado reduções significativas em outros indicadores. Em 2015, foram registrados 180 roubos a estabelecimentos comerciais, número que caiu para 22 em 2023 e para 9 em 2024. Casos de roubo a pedestres também reduziram de 391, em 2016, para 43, em 2024. O mesmo ocorreu com roubo de veículos: caíram de 108, em 2015, para 8, em 2024.

“O contexto geral mostra que Bento Gonçalves não é uma cidade violenta. Os crimes que afetam diretamente a comunidade, como roubos e furtos, estão em queda significativa. Nosso objetivo é reduzir os homicídios e manter os demais indicadores estabilizados”, enfatizou o tenente-coronel Chesani.

Ele destacou ainda a importância da imprensa na promoção de uma sensação de segurança. Por fim, ressaltou que a atuação integrada entre os órgãos públicos e o apoio da comunidade são essenciais para a manutenção da ordem no município.