
Porto Alegre - Sete meses após um erro na administração de um medicamento, um bebê de um ano continua internado em estado grave no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A longa permanência hospitalar da criança, que está em coma desde o dia 7 de maio, ganhou novo desdobramento com a conclusão do inquérito policial, que resultou no indiciamento de uma técnica de enfermagem por lesão corporal culposa e administração culposa de droga.
A investigação, conduzida pela 3ª Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), apontou negligência no preparo e na aplicação da medicação. Conforme a delegada Alice Fernandes, titular da DPCA, a criança recebeu uma dose de metadona superior à prescrita. “O medicamento foi corretamente prescrito pelo médico, mas houve erro na sua administração, o que motivou o indiciamento”, afirmou.
Desde o episódio, a técnica de enfermagem está afastada de suas funções, com atestado médico. O inquérito teve como base documentos hospitalares, laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e depoimentos de profissionais que atuaram no atendimento ao bebê.
Sete meses de internação e o inquérito policial
Natural de Capão da Canoa, no Litoral Norte, o bebê foi levado ao HCPA para tratar problemas no sistema digestivo. Ele passou por cirurgia no dia 5 de maio e, dois dias depois, apresentou complicações, sendo transferido para a UTI pediátrica. Durante o tratamento intensivo, recebeu a dose de metadona que, segundo a Polícia Civil, desencadeou o quadro grave.
Na ocasião, a mãe percebeu que o filho parou de se mexer, estava gelado e sem pulso. A equipe médica realizou manobras de reanimação cardiorrespiratória por cerca de dez minutos. Desde então, a criança permanece em coma, completando agora sete meses de internação contínua.
Posicionamento
Em nota, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre informou que a criança segue internada, recebendo suporte e assistência integral, e que o quadro clínico permanece grave. A instituição afirmou ainda que realizou apuração interna, forneceu todas as informações solicitadas pela Polícia Civil e segue à disposição das autoridades, respeitando o caráter sigiloso dos processos criminal e administrativo.