LEVANTAMENTO

RS soma mais de 3 mil internações por envenenamento em 10 anos

Entre os casos gaúchos, estão episódios de intoxicação proposital ou causada por terceiros. Crime em Torres, onde três pessoas de uma mesma família morreram após consumirem um bolo contaminado com arsênio, é o que mais chama atenção.

 Foto: Divulgação/PC
Foto: Divulgação/PC

Rio Grande do Sul - O Rio Grande do Sul registrou 3.278 internações por envenenamento nos últimos dez anos, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (8) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Os dados integram uma série histórica nacional que contabilizou 45.511 atendimentos em emergências da rede pública, entre 2009 e 2024, relacionados a ingestão de substâncias tóxicas que demandaram internação hospitalar.

No ranking nacional, o estado aparece como o segundo mais afetado do Sul e o quarto do país, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Só a região Sul concentrou 9.630 ocorrências no período.

Entre os casos gaúchos, estão episódios de intoxicação proposital ou causada por terceiros, prática que levou à internação de 3.461 brasileiros no período analisado. No estado, 153 pacientes deram entrada no SUS por esse motivo.

Substâncias Envolvidas e Perfil das Vítimas

O estudo aponta que envenenamentos relacionados a drogas, medicamentos e substâncias químicas não especificadas lideram os registros. Em situações acidentais, destacam-se analgésicos, pesticidas, álcool e sedativos.

O levantamento mostra predominância de homens (23.796 casos) e de adultos jovens entre 20 e 29 anos (7.313 registros). Crianças de 1 a 4 anos também aparecem em destaque, com 7.204 ocorrências.

Casos Recentes

No fim de 2024, o Rio Grande do Sul foi cenário de um caso que ganhou repercussão nacional: três pessoas de uma mesma família morreram em Torres após consumirem um bolo contaminado com arsênio. A nora da mulher que preparou o alimento foi presa, acusada de adulterar a farinha usada no preparo.

A Abramede alerta para a facilidade de acesso a venenos, para a falta de fiscalização e de regulamentação e para o uso dessas substâncias em conflitos íntimos, muitas vezes motivados por questões emocionais. A entidade reforça ainda a importância de médicos emergencistas em situações críticas, como os casos de intoxicação.