O governo do Rio Grande do Sul decretou emergência em saúde pública nesta segunda-feira (19). Esta decisão foi tomada como resposta ao aumento expressivo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre crianças. O decreto, assinado pelo governador Eduardo Leite, será publicado no Diário Oficial do Estado na terça-feira (20), com validade de 120 dias.
A medida foi motivada pelo crescimento acelerado das internações e pela superlotação dos serviços de emergência.
Casos de SRAG aumentam mais de 130% em quatro semanas
Segundo dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), de 31 de março a 10 de maio, as hospitalizações por SRAG no Estado saltaram de 194 para 451 por semana, um aumento de 132%. Até o momento, o Rio Grande do Sul já registrou 4.099 internações e 305 mortes por síndromes respiratórias em 2025.
Entre crianças menores de cinco anos, foram contabilizadas 1.374 internações e dez óbitos no período.
Gripe e VSR são os principais vírus respiratórios em circulação
Os principais agentes por trás do avanço da SRAG são os vírus influenza (gripe) e sincicial respiratório (VSR). O número de hospitalizações por gripe saltou de 9 para 116 casos semanais entre as semanas 14 e 18, um aumento superior a 1.100%. Já o VSR foi responsável por 495 hospitalizações, sendo 95% em crianças pequenas.
A circulação simultânea de múltiplos vírus, combinada com a chegada do inverno e a epidemia de dengue, pressiona ainda mais o sistema de saúde. Especialmente nos leitos pediátricos é que a situação é crítica.
Hospitais do SUS devem priorizar leitos de UTI e suporte respiratório
Com o decreto de emergência, as redes hospitalares públicas e conveniadas ao SUS ficam obrigadas a adotar medidas imediatas. O objetivo é ampliar a oferta de leitos clínicos e de UTI, com foco no atendimento de síndromes respiratórias. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, afirmou que o objetivo é “fortalecer a rede hospitalar com preparação e suporte ventilatório”.
Operação Inverno Gaúcho com Saúde: R$ 20,8 milhões para municípios
Para conter o avanço das síndromes respiratórias, o governo lançou em maio a Operação Inverno Gaúcho com Saúde, com investimento de R$ 20,8 milhões. Os recursos serão liberados entre 30 de maio e 30 de junho.
- R$ 13,65 milhões serão aplicados na Atenção Primária. Os repasses de até R$ 100 mil visam reforçar o funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), contratação de profissionais e aquisição de insumos, como vacinas.
- R$ 7,15 milhões vão para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Os repasses variam entre R$ 70 mil e R$ 150 mil por município, conforme a média de atendimentos em 2024.