Bento Gonçalves - Carla, moradora do bairro Zatt, em Bento Gonçalves, vive uma batalha para assegurar atendimento adequado ao filho Gabriel, de cinco anos, diagnosticado com hiperatividade em julho de 2023. Desde o diagnóstico, a busca por acompanhamento especializado na rede pública tem sido marcada por dificuldades, mudanças constantes de profissionais e atrasos nos serviços.
“O meu filho foi diagnosticado com hiperativismo em julho de 2023. Desde então, ele fazia acompanhamento com o neurologista da rede pública, mas sempre havia trocas de profissionais e mudanças na medicação. Atualmente, ele usa risperidona, uma ML, três vezes ao dia, mas os efeitos estão sendo opostos ao esperado: as crises voltaram e ele sente fome a cada 10 minutos”, explicou Carla.
Desde outubro de 2024, Carla está na fila para atualizar a receita médica e conseguir um novo retorno com um neurologista. Além disso, a mãe afirma que o pedido de acompanhamento psicológico e de uma monitora na escola para o filho não foi atendido.
“O Conselho Tutelar me encaminhou para a Defensoria Pública para tentar o atendimento via judicial, porque as solicitações não foram atendidas”, explicou.
Rotina profissional comprometida
As dificuldades enfrentadas no tratamento de Gabriel também impactam diretamente a vida profissional de Carla, que precisou abandonar o emprego fixo para atender às emergências escolares causadas pelas crises do filho.
“Eu não consigo trabalhar fixa, porque sempre me chamam na escola. As crises dele são agressivas, ele bate em professores, vira mesas, agride colegas. No ano passado, ele chegou a ser deixado sozinho em uma sala durante uma crise. Precisei sair do trabalho três ou quatro vezes por semana para buscá-lo”, desabafou.
Sem condições financeiras para custear um tratamento particular ou contratar uma cuidadora, Carla vive sob pressão. Segundo ela, mesmo Gabriel estudando em período integral, os chamados frequentes da escola a impedem de manter uma rotina de trabalho.
Respostas insuficientes do poder público
Ao buscar informações junto à Secretaria de Saúde sobre a consulta com o neurologista, Carla recebeu a resposta de que a agenda estaria fechada e não haveria previsão de abertura, apenas possibilidade de um encaixe.
Procurada pela reportagem do Grupo RSCOM, a Prefeitura de Bento Gonçalves, por meio da assessoria de comunicação, informou que “não há problemas com profissionais nesta área”. Contudo, a declaração contraria a experiência de Carla, que critica a falta de respostas efetivas e o longo tempo de espera para atendimentos essenciais.
“Eu ligo para a Secretaria de Saúde e só ouço que vão tentar um encaixe. Enquanto isso, meu filho está sem medicação. Ele toma risperidona, mas os efeitos estão sendo negativos, e o pediatra não pode ajustar a dose. Preciso marcar consulta a cada 30 dias para conseguir a receita e comprar o remédio”, detalhou.
Carla também apontou falhas no suporte escolar. Com o início das aulas em fevereiro de 2025, Carla teme que a situação persista.
“Desde o maternal, foi solicitado o acompanhamento de uma monitora para ele. Mesmo com laudos, a escola disse que não tinha como disponibilizar alguém só para ele”, complementou.
*Informações: Pedro Vitor Rizzo – Unidade Móvel do Grupo RSCOM