Em Bento Gonçalves, a saúde pública enfrenta um cenário crítico: a fila de pessoas que aguardam procedimentos cirúrgicos é de 7 mil, segundo a Secretaria da Saúde. Porém, os números podem ser ainda mais altos.
O vereador Volmar Giordani (Republicanos), afirma que seriam 10 mil procedimentos cirúrgicos que esperam conclusão. Durante dois anos, segundo o parlamentar, a fila teria quase dobrado, passando de 5.876 em fevereiro de 2023 para 10.095 em janeiro de 2025.
Entre os casos pendentes, destacam-se cirurgias de alta complexidade, como próteses de quadril e joelho (2.000), ortopedia (3.339), otorrinolaringologia (1.189) e catarata (792). A demora afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes, agravando problemas de saúde e limitando mobilidade e autonomia, especialmente em casos ortopédicos.
Crescimento alarmante em Bento Gonçalves
Comparando os dados de 2023 e 2025, o número de cirurgias pendentes cresceu 72% em Bento Gonçalves. Especialidades como ortopedia (42%) e catarata (31%) tiveram aumentos expressivos, enquanto algumas áreas, como pediatria e cirurgia plástica, apresentaram leve redução.
Diante do aumento constante da demanda, a mobilização política é vista como essencial para reduzir as filas e minimizar os impactos na saúde da população.
Impacto, desafios e soluções
Para enfrentar o problema, o vereador Giordani busca criar uma Frente Parlamentar da Saúde. O grupo tem como objetivo unir esforços de vereadores, secretários municipais e parlamentares estaduais e federais para buscar recursos, negociar emendas e propor medidas como a desburocratização e o aumento da oferta de serviços médicos.
A princípio, entre as ações sugeridas pela Frente Parlamentar estão a atração de clínicas e hospitais parceiros e a luta pela instalação de um hospital universitário. Esta ação transformaria Bento Gonçalves em referência em saúde e educação superior. A proposta já está sendo discutida na Câmara Municipal e precisa de pelo menos seis assinaturas para ser protocolada.
“Estamos começando as conversas com os colegas vereadores em busca das assinaturas. O texto inicial que montamos pode até ser alterado, para que todos fiquem satisfeitos e tenhamos mais do que seis vereadores assinando. Nossa função como Frente Parlamentar é auxiliar a Secretária de Saúde e todos que trabalham pela saúde, sabemos que estão dando o seu máximo, precisamos estar juntos e não só cobrar deles.”, afirmou Giordani.
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O que diz a Secretaria de Saúde?
Conforme a secretária da Secretaria Municipal de Saúde de Bento Gonçalves, Daiane Piuco, a dificuldade nas transferências e a superlotação no Hospital Tacchini são agravantes da atual situação da saúde no município.
“É o hospital contratualizado na retaguarda da UPA para os casos urgentes e tem dificultado a ampliação das cirurgias eletivas, pois não conseguem realizar mais cirurgias devido a falta de leitos. Com o novo edital de cirurgias, teremos a possibilidade de compra de cirurgias em outros hospitais que possam ter disponibilidade de leito caso o paciente necessite pós realização de procedimento”, explica Daiane.
Além disso, Secretaria de Saúde está implementando medidas para reduzir a fila de cirurgias no município, especialmente nas especialidades com maior demanda, como ortopedia e alta complexidade.
“Contamos com um médica reguladora desde o mês de dezembro de 2024, que está reavaliando todos os encaminhamentos que encontram-se na lista de cirurgias eletivas. Muitos já realizaram ou não necessitam mais. Dessa forma conseguimos otimizar a lista de espera”, ressalta.
De acordo com Daiane, também foi elaborado um novo edital de cirurgias eletivas, com valores fixos para que diversos hospitais possam realizar credenciamento. Bem como, a contratação para realização dos procedimentos de média complexidade.
“Em relação a pequenos procedimentos de média complexidade, estamos em fase final do Bloco Cirúrgico do Complexo Hospitalar Municipal. Das oito salas, teremos quatro equipadas para colocar em funcionamento e realizar cirurgias de pequeno porte”, completa.
