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Demora no atendimento a idoso atropelado revolta familiar em Bento Gonçalves

Filha reclama sobre falta de leito e burocracia no sistema público de saúde; hospital afirma seguir protocolos do SUS

Foto: Reprodução/IStock
Foto: Reprodução/IStock

A demora no atendimento de Sebastião Pires, de 69 anos, atropelado na faixa de pedestres no centro de Bento Gonçalves na última segunda-feira (24), gerou revolta na família. A filha dele, Eliane Pires, de 44 anos, denuncia que o pai ficou horas aguardando atendimento e enfrentou dificuldades na transferência entre hospitais da região devido à burocracia do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Meu pai foi atropelado por volta das 15h e só consegui informação sobre ele às 18h30, quando me ligaram do hospital. Ao chegar lá, a primeira coisa que me perguntaram foi se ele tinha plano de saúde, antes mesmo de eu conseguir saber o estado dele”, relatou Eliane.

Sebastião, que não possui convênio hospitalar, sofreu um traumatismo craniano e fratura no fêmur. Inicialmente atendido no Hospital Tacchini, ele foi encaminhado ao Hospital Pompeia, em Caxias do Sul, referência para casos de traumatismo craniano na região. No dia seguinte, após avaliação médica, recebeu alta para retornar a Bento Gonçalves, onde realizaria a cirurgia da perna. No entanto, a transferência se tornou um impasse. 

“Falaram que precisávamos aguardar a ambulância. Meio-dia, nada. Uma da tarde, nada. Depois disseram que a cirurgia deveria ser feita em Farroupilha, mas mais tarde voltaram atrás e disseram que poderia ser feita em Bento. Meu pai ficou sendo jogado de um lado para o outro“, lamentou Eliane.

Hospital explica procedimento

Uma fonte ligada ao Hospital Tacchini, que não quis se identificar, esclareceu que a regulação do processo é responsabilidade do SUS, não do hospital. 

“O paciente foi encaminhado a Caxias do Sul porque o Hospital Pompeia é referência para casos de traumatismo craniano. Após a estabilização, foi liberado para tratar a fratura no município de origem, Bento Gonçalves”, explicou.

Sobre a demora e confusão sobre o local de transferência, a fonte afirmou que o processo segue a lógica de classificação de complexidade. Se fosse um caso de alta complexidade, ele seria encaminhado para Farroupilha. Como foi avaliado como média complexidade, voltou a Bento Gonçalves e entrou na fila de transferência do SUS. 

A fonte ressaltou ainda que a lotação do hospital também impacta na disponibilidade de leitos.

“O hospital é um prestador de serviço, mas a regulação e disponibilidade são gestão do SUS e do poder público”, concluiu.

Na tarde de quarta-feira (26), uma vaga SUS ficou disponível na unidade em Bento Gonçalves e o idoso pode ser transferido. Até o último contato com a filha, ele aguardava para realizar a cirurgia do fêmur no município nesta quinta-feira (27).