A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas de Bento Gonçalves está em situação crítica, funcionando acima de sua capacidade. No local, há pacientes internados por mais de dez dias, que aguardam transferência para hospitais com maior suporte.
Este cenário, que deveria ser temporário, tornou-se rotina devido à falta de vagas no Hospital Tacchini e em outras instituições da região. Além disso, o fato compromete a eficiência do sistema de saúde e colocando em risco a qualidade do atendimento.
Hospital Tacchini com alta demanda
Em comunicado, o Hospital Tacchini confirmou que está lidando com um fluxo de pacientes significativamente elevado, similar ao observado nos períodos mais críticos do ano. A instituição reforçou seu compromisso com a saúde da população, mas alertou para possíveis atrasos no atendimento devido à alta demanda. A equipe do hospital está trabalhando com sua capacidade máxima.
Confira a Nota Oficial:
“O Hospital Tacchini Bento Gonçalves informa à comunidade que, neste momento, está enfrentando um fluxo de atendimentos significativamente acima do esperado para o mês de janeiro. O movimento registrado é semelhante aos períodos mais críticos do ano, como o inverno. Cabe ressaltar que não foi identificada qualquer patologia predominante que justifique a alta na demanda.
Reforçamos nosso compromisso com a saúde e o bem-estar da população e orientamos que todos continuem buscando atendimento em caso de necessidade. Contudo, alertamos que, devido ao elevado volume de pacientes, pode haver aumento nos tempos de espera para atendimentos no Pronto-Socorro, realização de exames ou internações.
O Tacchini tem trabalhado com sua equipe completa em todas as áreas e redobrando os esforços para acolher a todos que precisam de cuidados. Estamos empenhados em garantir o atendimento de excelência característico no menor tempo viável, mesmo diante do cenário atual.
Agradecemos a compreensão da comunidade e seguimos à disposição para atender a todos com dedicação e responsabilidade”.
O que diz a Secretaria de Saúde?
A secretária Municipal de Saúde, Daiane Piuco, destacou a necessidade urgente de reorganizar os fluxos de atendimento. De acordo com ela, a gestão municipal já pediu medidas de solução para a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, à Secretaria Estadual da Saúde e ao Hospital Tacchini.
“Entramos em contato com a 5ª CRS, Secretária Estadual de Saúde e começamos a notificar diariamente o Hospital Tacchini, destacando a persistência de longos períodos de espera para pacientes que necessitam de internação, avaliação cirúrgica e outros cuidados, comprometendo a capacidade de atendimento da unidade e colocando em risco a qualidade dos serviços prestados”, diz.
Além disso, ela ressalta que é obrigatório que Unidades de Pronto Atendimento não mantenham pacientes por períodos superiores a 24h, devendo realizar atendimento resolutivo qualificado, com estabilização inicial e encaminhamento aos hospitais de maior complexidade quando necessário.
“Atualmente, pacientes que necessitam de internação clínica, avaliação cirúrgica ou demais indicações permanecem por longos períodos na UPA 24h, em desacordo com o estabelecido. Essa situação compromete o fluxo adequado de atendimento na rede, gerando riscos à segurança e à qualidade dos serviços prestados”, afirma Daiane.
A secretária de Saúde também explica que o sistema de regulação estadual, o GERINT, cadastra todos os pacientes que necessitam de transferência, seja para alta complexidade em Caxias do Sul (cardiologia, vascular, neurologia, entre outras áreas) ou para leito clínico no Hospital Tacchini. Ademais, ela afirma que os encaminhamentos não podem ser realizados sem autorização.
“Os pacientes transferidos para o Hospital Tacchini, diariamente, os médicos da coordenação da UPA e a gestão acompanham a lista de prioridades encaminhada, onde o fluxo do hospital avalia os casos e realiza o aceite conforme o giro de leitos e disponibilidade de vagas. Não temos gerência para encaminhar pacientes sem ter a regulação e o aceite dos Hospitais. Os casos de urgência que extrapolem a capacidade técnica e necessitem intervenções imediatas devido ao risco de morte são compartilhados também com o SAMU Bento Gonçalves e SAMU Serra para auxílio na regulação”, detalha.
Em busca de soluções
Medidas como notificações diárias ao hospital e negociações para a ampliação de leitos estão em curso, além do progresso nas obras do Complexo Hospitalar Municipal, que promete aliviar a pressão sobre o sistema quando entrar em operação ainda este ano.
“Estamos conversando com o estado, hospitais da região e analisando a possibilidade de compra e oferta de mais leitos. Paralelo a isso, as obras do Complexo Hospitalar Municipal já estão em fase final de acabamento. Os andares de internação e o bloco cirúrgico com 8 salas estão prontos e ainda este ano colocaremos em funcionamento”, conta.
Segundo Daiane, uma das dificuldades enfrentadas pela equipe da UPA devido à superlotação é o tempo disponível reduzido para atendimentos que exigem mais detalhamento do quadro e dificuldades na logística. Bem como, a relação com alguns pacientes ou familiares, que por diversas vezes reagem com hostilidade frente à demora na resolução do caso.
“Frente a isso, estamos priorizando o reforço das equipes que atuam nos setores de maior complexidade, com remanejo de profissionais, inclusive médicos, capacitados para atuar em setor de emergência, bem como atuação direta das coordenações no manejo e fluxos dos pacientes, dividindo a carga de trabalho com os profissionais assistentes”, completa a secretária de Saúde.