
Caxias do Sul - Às margens da ERS-122 e perto da ponte sobre o Arroio Tega, na Rota do Sol, entre o fluxo intenso de veículos e a pressa de quem segue viagem, uma cena se repete nesta época do ano. Sentada próxima às casinhas que muitos nem sabem que existem ali, está Senhorinha Aguirre de Moura, 74 anos, viúva, aposentada, pedindo ajuda para ter um Natal mais digno.
Com voz mansa e olhar cansado, ela conta que vive com pouco mais de meio salário mínimo. Desde a morte do marido, há cerca de dois anos, a vida ficou ainda mais difícil.
“Meu velho deixou conta, deixou coisa… daí a gente vai lutando sozinha”, relata.
A aposentadoria mal cobre as despesas básicas, e os problemas de saúde, que exigem uso constante de medicamentos, tornam a rotina ainda mais pesada.
Senhorinha mora em uma pequena casa construída pelo filho, em uma área simples próxima à rodovia e perto do Condomínio Rota Nova. Ali, ela passa os dias cuidando do pouco que tem e esperando, nesta época do ano, pela solidariedade de quem passa. Não é um pedido por luxo, mas por comida, leite, algum valor em dinheiro ou qualquer ajuda que permita celebrar o Natal. “É ajuda, ajuda mesmo”, resume.



Ela conta que nem todos param, mas alguns motoristas e moradores se sensibilizam. Há quem ofereça alimentos, quem contribua com dinheiro e até quem, em outros anos, tenha ajudado as netas com material escolar. As crianças não moram com ela, mas fazem parte da motivação para seguir em frente.
“Não fico aqui todo ano”
Apesar de já ter passado outros Natais pedindo auxílio, esta foi a primeira vez que chamou a atenção de muitos que trafegam diariamente pela Rota do Sol. Um lembrete silencioso de que, por trás do asfalto e das festas de fim de ano, existem histórias de dor, resistência e esperança.
Aguirre escuta rádio, acompanha as notícias e acredita que contar sua história pode sensibilizar mais pessoas. “Hoje em dia a fotografia é importante”, comenta, ao permitir que seu retrato seja feito. Mais do que uma imagem, ela carrega um apelo: que o espírito natalino ultrapasse as vitrines e chegue até quem mais precisa.
Neste Natal, a história da senhorinha Aguirre de Moura é um convite à empatia.