Por um placar apertado, a Câmara Municipal de Caxias do Sul arquivou, nesta terça-feira (1º), a moção nº 16/2025, que apoiava o pedido de impeachment do governador Eduardo Leite (PSDB), apresentado pelo deputado estadual Capitão Martim (REPUBLICANOS) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
A moção foi rejeitada por 9 votos a 8, com voto de minerva do presidente da Casa, Lucas Caregnato (PT), após intenso debate entre os parlamentares. A proposta partiu do vereador Hiago Morandi (PL) e contou com a adesão de outros sete vereadores: Alexandre Bortoluz (PP), Andressa Mallmann (PDT), Calebe Garbin (PP), Capitão Ramon (PL), Daiane Mello (PL), Pedro Rodrigues (PL) e Sandra Bonetto (NOVO).
Entre os argumentos apresentados pelos autores da moção estão acusações de improbidade administrativa, como o aumento nos gastos com publicidade institucional, suposta promoção pessoal por meio de peças oficiais e omissão na elaboração de planos preventivos contra desastres climáticos. Um dos destaques foi a crítica à produção e exibição do documentário “Todos Nós por Todos Nós”, veiculado entre 2024 e 2025, que teria custado R$ 500 mil aos cofres públicos. Para os parlamentares que assinaram a moção, o material retrata Leite como protagonista da reconstrução do Estado após as enchentes, com caráter promocional.
Entretanto, a oposição à proposta veio de forma firme por parte da bancada de esquerda e de centro-esquerda. A vereadora Rose Frigeri (PT) reconheceu falhas na prevenção de novas catástrofes, especialmente no Vale do Taquari, mas defendeu que isso não configura crime de responsabilidade. Andressa Marques (PCdoB) e o presidente Lucas Caregnato (PT) reforçaram que não há embasamento jurídico que justifique a abertura de um processo de impeachment.
Em defesa do governador, a vereadora Marisol Santos (PSDB) destacou que o governo de Leite registra o maior índice de investimentos dos últimos 25 anos, mantendo equilíbrio fiscal. Já o vereador Elói Frizzo (PSB) classificou a moção como uma tentativa de explorar politicamente o cenário estadual às vésperas das eleições de 2026.
A votação foi marcada por ausências e abstenções. Três vereadores estavam ausentes: Daniel Santos (REPUBLICANOS), Rafael Bueno (PDT) – em viagem – e Sandro Fantinel (PL). Outros três parlamentares não votaram: Aldonei Machado (PSDB), Edio Elói Frizzo (PSB) e Wagner Petrini (PSB).
Com o arquivamento da moção, a Câmara de Caxias do Sul opta por não endossar institucionalmente o pedido de impedimento do governador, mantendo-se fora do embate político que se desenha na Assembleia Legislativa.
A moção, apesar de rejeitada, evidencia a divisão ideológica e os preparativos para disputas eleitorais de 2026, que já começam a se refletir nos debates locais.
MOÇÃO nº 16/2025 (votação)
ALDONEI MACHADO PSDB Não Votou
ALEXANDRE BORTOLUZ PP Sim
ANDRESSA CAMPANHER MARQUES PCdoB Não
ANDRESSA MALLMANN PDT Sim
CALEBE GARBIN PP Sim
DAIANE MELLO PL Sim
DANIEL SANTOS REPUB Ausente
EDIO ELÓI FRIZZO PSB Não Votou
EDSON DA ROSA REPUB Não
ESTELA BALARDIN PT Não
HIAGO STOCK MORANDI PL Sim
JULIANO VALIM PSD Não
LUCAS CAREGNATO PT Não
MARISOL SANTOS PSDB Não
PEDRO RODRIGUES PL Sim
RAFAEL BUENO PDT Ausente
RAMON DE OLIVEIRA TELES PL Sim
RENATO JOSÉ FERREIRA DE OLIVEIRA PCdoB Não
ROSELAINE FRIGERI PT Não
SANDRA BONETTO NOVO Sim
SANDRO FANTINEL PL Ausente
TENENTE CRISTIANO BECKER PRD Não
WAGNER PETRINI PSB Não Votou