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PF deve pedir ajuda da Interpol para apreender celular de Anderson Torres

O ex-secretário chegou a Brasília sem o aparelho; para diligências fora do país, é preciso nova determinação judicial

(Foto: ELAINE MENKE/CÂMARA DOS DEPUTADOS)
(Foto: ELAINE MENKE/CÂMARA DOS DEPUTADOS)

A Polícia Federal deve solicitar nos próximos dias colaboração da Interpol para apreender o celular usado pelo ex-ministro Anderson Torres, preso em Brasília. De acordo com fontes na corporação, ele chegou ao país sem o aparelho. Torres estava na Flórida, nos Estados Unidos, quando ocorreram os ataques contra as sedes dos Três Poderes.

A PF pretende alegar que a apreensão do celular faz parte da investigação e pedir ajuda para a corporação internacional a fim de localizar o aparelho em solo norte-americano. A diligência precisa de autorização do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para ocorrer.

Caso o aparelho estivesse com Torres, seria apreendido e periciado junto aos mais de mil celulares pertencentes aos extremistas presos no Distrito Federal por relação aos atos de vandalismo e invasão ao Congresso, ao Planalto e ao STF, no último dia 8.

Ataques

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal não estava na capital no dia dos ataques. No dia 10, Moraes emitiu um mandado de prisão contra Torres, por suposta omissão nos comandos das forças de segurança para coibir os atos. No mesmo dia, o ex-ministro usou as redes sociais para comunicar que o celular havia sido clonado. “Olá, clonaram meu WhatsApp, não aceitem nenhuma mensagem ou ligação”, escreveu.

Apesar de não configurar crime a não entrega do celular às autoridades investigadoras, caso o aparelho seja encontrado com dados apagados, Torres pode ser indiciado também por tentativa de destruição de provas.

Depoimento

Os esclarecimentos acerca da omissão do celular devem ser prestados junto ao primeiro depoimento de Torres à Justiça após ser preso. Moraes ainda precisa determinar uma data e, enquanto isso, o ex-ministro ficará preso no 4º Batalhão da Polícia Militar. A expectativa é que ele seja transferido para a Papudinha, ala no Complexo da Papuda reservada a militares e policiais.

Torres é advogado e delegado da Polícia Federal (PF). No mesmo dia em que teve a prisão decretada, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dele, onde encontrou uma minuta (espécie de rascunho) de um decreto que tentaria mudar o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Pelas redes sociais, o ex-secretário confirmou a existência da minuta, mas disse que o documento foi vazado fora de contexto e que ajuda a alimentar “narrativas falaciosas” contra ele. Na justificativa, ele não detalhou de quem seria a autoria da minuta. “No cargo de ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil”, disse.

Torres se entregou à polícia, tendo interrompido a viagem de férias para se apresentar à Justiça. O ex-ministro desembarcou e passou pelo exame de corpo e delito ainda no aeroporto, tendo sido escoltado pela PF até o batalhão da PM, onde continua preso. “Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá”, escreveu nas redes sociais após anunciar que se entregaria.

Fonte: Correio do Povo