Passados pouco mais de 10 dias da visita do ex-presidente Jair Bolsonaro à Farroupilha, em que uma fala do prefeito Fabiano Feltrin sugerindo colocar o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na guilhotina, e o mesmo autorizar a abertura de uma investigação sobre o político, o chefe do Executivo diz estar “tranquilo” com toda a situação. Em entrevista exclusiva ao Portal Leouve nesta terça-feira (06), Feltrin afirmou que não vai tocar no assunto, tendo em vista que já se manifestou em nota oficial após o episódio.
“Estou tranquilo. A gente tem o nosso trabalho, a nossa vida, então podem fazer qualquer investigação, o que é normal de todo homem público. A minha manifestação foi feita em nota e nós continuaremos sem tocar no assunto”, afirmou.
Questionado se o alcance negativo de sua fala o afetou de alguma forma, Fabiano negou e disse entender a facilidade de propagação que as redes sociais oferecem: “Faz parte. A gente entende que o Brasil está vivendo essa polarização e quanto mais você tem a liberdade com as redes sociais com tudo que é filmado e visto, nós temos que nos adaptar a isso e o meu perfil não é de ter rancor ou algo parecido. Temos uma vida muito produtiva, feliz, sempre pela coletividade. Então temos que nos adaptar aos momentos e como a vida se comporta nestes momentos mais modernos”, concluiu.
Relembre o ‘caso guilhotina’
Durante a visita de Bolsonaro na Serra Gaúcha no dia 25 de julho, o líder da direita no Brasil almoçou no complexo Stone Hall, no distrito de São Marcos, empreendimento de Feltrin. A chegada foi transmitida pelas redes sociais do prefeito.
Em determinado momento, o deputado Gustavo Victorino (Republicanos), brinca com Feltrin dizendo não ter gostado de uma estátua “em homenagem a Alexandre de Moraes”, fazendo alusão a uma escultura que, para ele, seria semelhante ao ministro do STF. Neste instante, Feltrin comenta “Aqui não tem isso. A homenagem para ele eu vou mostrar qual é que é. É só botar ele aqui na guilhotina”, manuseando um objeto medieval de madeira usado para prender um prisioneiro pelas mãos e pescoço.
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Confira o vídeo do momento:
Diante da repercussão nacional, Fabiano Feltrin pediu desculpas por meio de uma nota no dia do fato.
“Hoje, num evento político, quando perguntado fiz uma brincadeira envolvendo o nome do ministro Alexandre de Moraes. Embora eu seja de fato um crítico de sua atuação como magistrado, é inadequada qualquer alusão a atos de violência. Alusão semelhante já foi usada em outro momento pelo próprio ministro, mas isso não exime o equívoco ao qual reitero meu pedido de desculpas. A fala, portanto, não refletiu nenhuma vontade pessoal ou qualquer espécie de incitação. Minha trajetória mostra que sempre respeitei as pessoas e as instituições – e assim quero prosseguir”
Alexandre de Moraes autoriza investigação por possível incitação ao crime
O ministro Alexandre de Moraes autorizou, no dia 29 de julho, a abertura de uma investigação, por parte da Polícia Federal (PF), para apurar se o prefeito de Farroupilha cometeu incitação ao crime.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou o STF no dia seguinte aos comentários. Inicialmente, o processo correu sob sigilo, mas Moraes decidiu torná-lo público em seguida. Em sua decisão, Alexandre de Moraes acolheu a manifestação da PGR e determinou que a PF tomasse as providências necessárias, exigindo a apresentação de um relatório no prazo de 60 dias.
A ação busca determinar se houve incitação ao crime por parte do prefeito, considerando a gravidade das declarações feitas em público.
