Muito provavelmente a resposta seria “não”. Mas, então, por que tantas pessoas confiam fielmente na informação gerada por uma Inteligência Artificial?
Recentemente, um amigo passou vergonha ao discutir com um revendedor de carros o valor da Tabela FIPE. Ele acreditava que o carro que estava adquirindo tinha preço inferior ao informado, mas errou ao confundir o ano de fabricação com o ano do modelo e a FIPE sempre trabalha com a referência do modelo. O mais curioso é de onde veio a informação equivocada: o ChatGPT.
Esse caso mostra que precisamos aprender a saber perguntar. Isso vale para todas as formas de comunicação, sejam humanas ou artificiais. Se você perguntar “qual o valor da Tabela FIPE para um carro 2024”, a IA dará uma resposta. Mas, se a pergunta for “qual o valor da Tabela FIPE para o carro XPTO ano 2024 modelo 2025”, a resposta será diferente.
Outro caso recente, que ganhou destaque na mídia, foi o do casal espanhol que perdeu o voo para Porto Rico após confiar na resposta do ChatGPT de que não precisariam de visto para entrar no território. O motivo? Perguntaram se o visto era necessário e receberam a resposta “não”.
De fato, cidadãos espanhóis não precisam de visto para entrar em Porto Rico, mas necessitam de uma autorização chamada ESTA (Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem). Ou seja, é fundamental saber exatamente o que se deseja antes de formular a pergunta.
Assim como não confiamos em um estranho para indicar o melhor remédio para uma enfermidade, também não devemos delegar a uma IA genérica a responsabilidade por decisões importantes, como o planejamento de uma viagem. Se estivéssemos falando com uma IA especializada em turismo, treinada com dados oficiais, a situação seria diferente.
Segundo Peter Diamandis, empreendedor, especialista em Inteligência Artificial e fundador da Singularity University (instituição criada no Vale do Silício em parceria com a NASA), “ainda estamos na fase da televisão em preto e branco, uma etapa inicial se comparada ao que veremos nos próximos dez anos”.
Não tenho dúvidas de que evoluiremos muito nos próximos anos. Assim como aconteceu com o smartphone: para as gerações mais novas, é um dispositivo multifuncional que também serve para ligar; já para as gerações mais antigas, é um telefone que acabou ganhando muitas outras funções.
Usar a inteligência artificial como “oráculo” é um risco; tratá-la como ferramenta é uma oportunidade. A escolha está em nossas mãos. A IA já está pronta para decidir por nós, mas será que nós estamos prontos para entregar nossas escolhas a ela?