Você é de direita ou de esquerda?

É frequente o embate ideológico entre aqueles que afirmam ser de direita ou esquerda, justificando sua escolha conforme os benefícios ou prejuízos em suas vidas provocados por quem está no governo. Estes rótulos de “esquerdistas” ou “direitistas”, ultrapassam o campo político e ingressam em pressupostos autoritários. Contudo desconhecem verdadeiramente a origem histórica destes termos.

A expressão “ser de direita ou esquerda” surgiu durante a Revolução Francesa de 1789 e o subsequente Império de Napoleão Bonaparte, quando os parlamentares da Assembleia Nacional se dividiram.

A direita do presidente do parlamento ficaram aqueles que apoiavam o rei: Senhores Feudais (proprietários de vastas terras), a Igreja (dominadores da fé), o Exército (forças de segurança) e os Aristocratas (nobres e monarcas). A esquerda estavam os simpatizantes da Revolução que combatiam os abusos praticados pelos primeiros, firmando os ideais “Liberté, Egalité, Fraternité” (do francês para o português; Liberdade, Igualdade, Fraternidade).

Assim, ficou reconhecido que na direita estavam os que defendiam os interesses particulares da classe rica, os Patrícios. Na esquerda ficavam os parlamentares que defendiam a classe pobre, os camponeses e os Plebeus ou “pés de poeira” como eram chamados, que representavam a maioria do povo.

Trazendo a discussão para os dias atuais da política brasileira e, principalmente, para o campo das evidências, representada por números estatísticos… podemos constatar que os fatos históricos se repetem e os mesmos personagens voltam em cena, onde a política econômica representada pela direita traz um benefício para a classe rica da sociedade. Em decorrência da dolarização dos preços dos combustíveis, das reservas naturais extraídas e na produção de alimentos que elevaram os ganhos dos grandes agropecuaristas e empresários diante do aumento das exportações dos seus produtos. Visto isso, é preciso reconhecer que esta parcela da sociedade de fato foi beneficiada com esta ideologia política. Por outro lado, também é preciso admitir que a classe pobre foi profundamente atingida, uma vez que seus ganhos laborais tiveram sensível desvalorização.

Assim, é impossível a tentativa de convencimento de uma classe frente à outra, pois estão em lados opostos e vantagens conflitantes.

Alheios e insensíveis a estes dois lados encontram-se aqueles que combinaram e efetivaram a política econômica com interesses particulares, pois detinham e detém reservas financeiras depositadas em paraísos fiscais, vendo seu patrimônio ser multiplicado de forma estratosférica e abusiva, sustentada pela classe pobre da sociedade.

Há ainda aqueles que estando do lado beneficiado se solidarizam com os demais, num sentimento altruísta e elogiável. E há também aqueles que, irrefletidamente estão do lado prejudicado, mas que aplaudem o lado oposto, legitimando sua própria desgraça.

Enfim, por certo, a pacificação não pode ser conquistada por ideologias que não combatam a desigualdade social, pois a democracia pressupõe uma justiça universal que contemple todas as classes, do miserável ao rico.

Então perguntamos:

Você irá sentar-se “à direita” ou “à esquerda”? Ou permanecerá no “centrão”, sem ideologia, apoiando o lado que está no poder, como uma “gangorra”, conforme o que estiver em simetria com seus ideais financeiros???

Escrito Por Mauro Falcão, em 29.01.2022 para o Portal Leouve e Tábuas da Verdade.