COLUNA

Vini Junior e Virgínia, o que podemos aprender?

Na economia da atenção, onde um clique muitas vezes vale mais que um fato, a tragédia (real ou inventada) faz a máquina de engajamento continuar rodando

Imagem: Google Gemini
Imagem: Google Gemini

Na economia da atenção, onde um clique muitas vezes vale mais que um fato, poucas figuras no Brasil são tão rentáveis quanto Virginia Fonseca. Ela se tornou o epicentro de uma indústria de narrativas sensacionalistas que operam em ciclos previsíveis. Esta semana, a máquina de “clickbait” não está apenas ativa; ela opera em velocidade máxima, atacando simultaneamente os dois pilares que sustentam a relevância de qualquer celebridade digital: a vida pessoal e o império profissional.

O primeiro front de ataque é o pessoal, focado em seu relacionamento com o jogador Vini Jr. Bastou uma postagem reflexiva da influenciadora em suas redes sociais—a já famosa frase “Tem guerra que não é sua”—para que os portais entrassem em frenesi.

O que na vida real de qualquer pessoa seria um desabafo momentâneo ou um pensamento aleatório, no universo do “clickbait” é imediatamente decodificado como uma “indireta demolidora”. A partir daí, a escalada é rápida: manchetes gritam “ACABOU!”, enquanto outras fabricam um “arrependimento” do jogador, detalhando supostos pedidos de desculpas. A verdade factual é irrelevante; o que importa é a narrativa da “crise” ou do “fim”, pois a estabilidade não gera engajamento.

A Artilharia do Engajamento

Contudo, se o ataque à vida pessoal não for suficiente, a artilharia se volta para os negócios. Paralelamente ao drama do relacionamento, surgiram notícias de que o Ministério Público estaria investigando práticas de venda da WePink, marca da influenciadora.

Aqui, o mecanismo do “clickbait” é ainda mais claro. O fato, até onde se sabe, é uma apuração sobre práticas promocionais. As manchetes, no entanto, não dizem “MP investiga práticas de venda”; elas declaram o “FIM DO IMPÉRIO”. Usam-se termos hiperbólicos como “Farsa Milionária” ou “Golpe”, equiparando uma investigação administrativa de rotina a um escândalo criminoso terminal.

O que testemunhamos nesta semana é a anatomia de uma tempestade de cliques fabricada. Virginia Fonseca, talvez mais do que qualquer outra figura pública, personifica a dualidade da fama digital: seu engajamento colossal é sua maior força e sua maior vulnerabilidade.

A mídia de caça-cliques utiliza sua imagem como um recurso renovável e garantido. Não importa se o pretexto é um post enigmático no Instagram ou uma prática comercial; ambos são tratados com a mesma urgência apocalíptica. No fim, este cenário revela menos sobre a influenciadora e mais sobre nós, consumidores de mídia: enquanto a tragédia (real ou inventada) der mais audiência que a normalidade, a máquina de “clickbait” continuará rodando