Leio que o candidato a presidente X está sendo alertado por seus assessores a não ignorar sutilezas no palavreado pra agradar grupos como indígenas, LGBTs e demais minorias e até a na questão de gênero, saudando mulheres antes de homens. E vamos lembrar que o candidato Y não está nem aí pra estas sutilezas, pelo contrário, insinua que mulheres devem mudar sua postura se quiserem respeito.
Resta saber como é que isto impacta a eleição e mais do que isto, como o homem médio vai lidar com estas questões de direitos de minorias sendo expostos de forma tão insistente. Ora, não precisa explicar, minoria é menos que maioria. Mas, se somar as diversas minorias dá uma razoável porção de votos. Quem é da minha geração e foi criado abaixo de apelidos medonhos e cascudos dos mais velhos, acha que é muito mimimi. Mas que patrulha começa a ser patrulhado também, porque convenhamos que tem situações que são um exagero. É o caso da questão envolvendo o hino dos gaúchos. Faz-se malabarismo pra encontrar racismo nele.
Dias destes assisti cinco minutos de um jogo de futebol e estava lá, no painel luminoso à margem do campo, a propaganda de um carro simulando ato sexual sobre outro. Na posição passiva um Fusca. Vamos lembrar que o Fusca é masculino. Tudo isto começou com a propaganda em que um casal gay se dirigia a um automóvel Polo. Pra quê? Onda de cancelamentos ou engajamentos. No fim deu debate e não sei se produziu mais ou menos vendas. Tenho certeza de que se eu sentar para dirigir um automóvel Polo não mudarei minha orientação sexual.
É certo, entretanto que este tipo de anúncio me faz pensar duas vezes antes da decisão da compra. Vou querer a zombaria dos amigos ? E vamos convir que nos círculos íntimos as piadas preconceituosas seguem seu curso livremente.
A gente não tem nada a ver com a sexualidade alheia. Mas a questão dos tabus é da sensibilidade de cada um. Lembro anos atrás de um retumbante fracasso de vendas. Uma conhecida marca de cintos fez uma fivela com o tema “Rei do Gado”, novela de sucesso da época. Pois, o personagem título da novela – se bem lembro o Antônio Fagundes – era traído pela esposa. Ninguém quis comprar o cinto do “corno”.
Claro que é preciso discernir há comerciais que querem vender produtos (caso do cinto) e outros que buscam apenas reforçar a marca e para isto usam do expediente de quebrar tabus. A Benetton lá nos anos 80 era especialista em criar polêmicas neste sentido. Enfim, em tempos de políticas múltiplas, falar de sexualidade, raça e política são prato cheio pra praticar a dialética e a compreensão da diversidade. Ao mesmo tempo as campanhas da marca italiana nos fazem lembrar que provocar a discórdia não é coisa só das redes sociais. Já jogávamos este jogo antes.
PS – O título usa um anglicismo propositalmente, afinal aqui também há um tema que é motivo de repúdio por muitos, “off course”.