COLUNA

Uma Evolução Necessária do ESG

Trabalhando com liderança e sustentabilidade há anos, percebo que o ESG tradicional captura apenas parte da transformação que precisamos

Mãos segurando mudas de planta com elementos de ilustração de sustentabilidade.
Imagem: Freepik

ESG virou sigla da moda. Environmental, Social e Governance estão em todos os relatórios corporativos, todas as apresentações de investimento, nos discursos de CEO. Mas será que estamos olhando para o quadro completo?

Trabalhando com liderança e sustentabilidade há anos, percebo que o ESG tradicional captura apenas parte da transformação que precisamos. É como se estivéssemos tentando construir uma casa com apenas três pilares, quando na verdade precisamos de uma fundação mais sólida.

E se expandirmos nossa visão? E se, além do Environmental, Social e Governance, incluíssemos outros princípios fundamentais: Ética, Ser, relacionar-se, colaborar, perceber o mundo, Economia, Ecologia e Espiritualidade?

Ética: O Alicerce Invisível

A ética vai além da governança. Não é apenas sobre compliance ou políticas anti-corrupção. É sobre o propósito (ser) genuíno por trás de cada decisão. É perguntar: “Isso é certo?” antes de perguntar “Isso é legal?” Por que estou fazendo? Porque é bonito ou de fato vai impactar essas pessoas?

Quantas empresas têm governança impecável no papel, mas tomam decisões que sabem que prejudicarão comunidades ou o meio ambiente? A ética é o que acontece quando ninguém está olhando.

Economia

O “E” econômico não é sobre maximizar retorno financeiro a qualquer custo. É sobre economia regenerativa, circular, que cria valor para todos os stakeholders, pessoas, negócios e futuros possíveis. É entender que uma empresa próspera em um planeta doente é uma contradição. Até porque as empresas já estão pagando o preço dos impactos ambientais, com secas, desastres naturais.

É sobre perguntar: “Como nosso sucesso econômico pode gerar prosperidade para as pessoas, para o meio ambiente, e termos futuros possíveis?” No meu ponto de vista não é mais o que queremos deixar, mas sim o que queremos que ainda exista para as futuras gerações.

Ecologia: Mais que Meio Ambiente

Environmental no ESG tradicional muitas vezes se limita a emissões de carbono e gestão de resíduos. Ecologia é sobre compreender que somos parte de um sistema vivo interconectado – a Ecologia do ser. É se inspirar na natureza, é regeneração, é entender que não somos donos da natureza – somos parte da natureza.

É sair da mentalidade de “reduzir danos” para “regenerar ecossistemas”.

Espiritualidade: A Dimensão Esquecida

Aqui muitos franzem a testa. “Espiritualidade em negócios?” Sim. Não estou falando de religião, mas de propósito transcendente, de conexão com algo maior que o resultado trimestral.

É sobre lideranças que tomam decisões pensando em sete gerações à frente. É sobre organizações que se veem como protetoras, não apenas exploradoras.

A COP 30 e o Momento Brasil

A uma semana da COP 30, o Brasil tem uma oportunidade única. Não somos apenas o país da Amazônia – somos o país que pode liderar uma nova forma de fazer negócios. Uma forma que integra o olhar para a Sustentabilidade de maneira genuína.

Imagine empresas brasileiras sendo referência mundial não apenas em ESG, mas em: Environmental, Economic, Ethics, Governance e Espirituality. Imagine lideranças que tomam decisões baseadas não apenas em dados financeiros, mas em sabedoria e visão de futuro.

Cada decisão que tomamos deixa rastros. A pergunta é: que tipo de rastros queremos deixar? Rastros de extração ou de regeneração? Rastros de competição ou de colaboração? Rastros de medo ou de esperança?

As lideranças transformadoras que estão fazendo a diferença hoje já praticam esses princípios, mesmo sem dar nome a eles. São líderes que entendem que sustentabilidade não é um departamento – é uma forma de ser.

O Convite

E se começássemos a medir o sucesso das organizações não apenas pelo que elas extraem, mas pelo que elas regeneram? Não apenas pelo que elas conquistam, mas pelo que elas preservam?

A evolução do ESG não é sobre adicionar mais letras ao alfabeto corporativo. É sobre expandir nossa consciência do que significa verdadeiramente prosperar em um mundo interconectado e sistêmico.

Que rastros de liderança e sustentabilidade você está deixando hoje?

A mudança que o mundo precisa não virá apenas de novas tecnologias ou políticas públicas. Virá de uma nova consciência sobre o que significa liderar com propósito, ética e visão de futuro.