Homem sorrindo segura cavalo de Troia com a palavra 'Tarifas' em um ambiente formal.
Imagem: Google Gemini

É irônico, não? Aqueles que moldaram a fera acabaram devorados por ela. Trump, o bilionário irreverente, ascendeu como o porta-voz do sistema que mais tarde ele mesmo desestabilizaria. Foi alçado ao comando pelos próprios tentáculos do “establishment,” os donos do poder — mídia, capital financeiro, elites conservadoras — e, uma vez no trono, virou-se contra seus criadores como uma criatura consciente de seu poder e ressentida de suas amarras.

Imagine agora, por um instante, se uma figura com o discurso oposto — um democrata radical, um reformador idealista — ousasse fazer o mesmo movimento contra as estruturas ocultas dos poderosos. Quanto tempo resistiria? Um mês? Uma semana? Um tuíte? Seria imediatamente expulso do jogo, acusado de desordem, deslealdade institucional, e claro, “ameaça à democracia”.

Mas Trump não. Trump pode. Trump disse o que ninguém ousava, atropelou os códigos de conduta política, feriu com palavras e também com verdades inconvenientes. E o mais incrível: os que o colocaram lá engoliram em seco. Estupefatos, perplexos e, talvez, com um leve toque de culpa. Afinal, foram eles que construíram o “herói” e, quando perceberam, já era tarde para desmontá-lo sem explodir o sistema junto.

E então surge a pergunta incômoda, quase bíblica: não seria isso a “Mão Divina” escrevendo o certo por linhas tortas? Seria possível que o universo tenha se utilizado do próprio orgulho das elites para aplicar-lhes uma lição? Que tenha permitido a subida de alguém como Trump não como aberração, mas como instrumento de desestabilização da hipocrisia reinante?

Talvez seja. Talvez, como diria Hegel, o Espírito Absoluto avance mascarado, disfarçado de contradição histórica. Talvez Deus tenha senso de humor. E mais ainda: talvez Ele use justamente os “improváveis” para revirar as certezas absolutas dos que se acham donos do destino humano.

No fim, quem sabe, não tenhamos assistido a uma correção cósmica em tempo real — não isenta de caos, mas profundamente simbólica. Porque às vezes o próprio sistema precisa ser atingido por dentro, por um dos seus, para revelar o que sempre tentou esconder: que o controle é ilusão, e que a história, no fundo, tem seus próprios planos.