COLUNA

Tipes: O inimigo quase invisível que desafia a rentabilidade das frutas e hortaliças

Pequenas no tamanho e grandes no impacto, as tripes estão entre os maiores desafios da agricultura moderna e exigem manejo integrado e estratégico.

Alface fresca crescendo no solo, com folhas verdes vibrantes e textura detalhada.
Imagem: Freepik

Nos últimos anos, a pressão das tripes sobre a produção de frutas e hortaliças em produções domésticas ou comerciais, tem aumentado de forma preocupante. Pequenas no tamanho, mas grandes no impacto, essas pragas estão entre os maiores desafios do manejo agrícola moderno, principalmente em sistemas intensivos, com alta frequência de colheita e uso contínuo de defensivos.

O problema vai muito além das manchas prateadas ou das deformações nos frutos e folhas. A tripes (Frankliniella occidentalis, Thrips tabaci e outras espécies) é vetor de viroses que comprometem a produtividade e a qualidade comercial de culturas como tomate, pimentão, cebola, melão, morango, citros, caqui, videiras. E, para o produtor, cada perda de calibre ou coloração representa prejuízo direto na rentabilidade.

Manejo Integrado

Por isso, o manejo eficiente da tripes deixou de ser apenas uma questão de controle químico. Hoje, o sucesso está na integração de estratégias, conceito central do manejo integrado de pragas (MIP). Isso inclui o monitoramento constante com armadilhas adesivas, uso racional de inseticidas com rotação de mecanismos de ação, adoção de inimigos naturais (como Orius insidiosus e Amblyseius swirskii) e manejo adequado do ambiente de cultivo.

O controle biológico (fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae) e uso de atrativos (açúcar com inseticida, aplicando final da tarde sem a presença de abelhas), vem se consolidando como uma das ferramentas mais promissoras nesse cenário. Ele reduz a pressão de seleção por resistência, contribui para o equilíbrio ecológico e melhora a imagem do produto frente aos mercados que valorizam práticas sustentáveis. A combinação de agentes biológicos com medidas culturais, como eliminação de plantas hospedeiras, manejo da cobertura vegetal, controle de plantas daninhas e uso de açúcar com inseticida em torno da área de cultivo com intervalos curtos de aplicações é fundamental para quebrar o ciclo da praga.

Prevenção como Vantagem

No entanto, o maior erro ainda está na falta de sinergia entre as práticas. Muitos produtores ainda tratam a tripes de forma reativa, e não preventiva. O verdadeiro manejo eficiente começa no planejamento da safra, com escolha adequada de cultivares, cronograma de inspeções e capacitação da equipe de campo.

Com a crescente demanda por alimentos de alta qualidade e rastreabilidade, investir em manejo integrado e sustentável no controle das tripes é mais do que uma exigência técnica, é uma vantagem competitiva no agronegócio. O futuro da horticultura passa pela eficiência no campo, e essa eficiência começa quando o produtor entende que o controle da tripes não é uma tarefa isolada, mas uma estratégia contínua e inteligente.