
Falar em sucessão familiar é tocar em um dos temas mais sensíveis do agro brasileiro. Os números preocupam: de cada dez famílias rurais, apenas três continuam a atividade na segunda geração, o que revela um desafio silencioso que avança sobre o campo. E isso não acontece por falta de vocação, mas por ausência de diálogo, planejamento e valorização da vida na propriedade rural.
A construção desse futuro começa dentro de casa. O diálogo transparente sobre metas, valores, expectativas e responsabilidades precisa ser rotina entre pais e filhos. Não basta comentar “algum dia isso aqui será de vocês”. É necessário mostrar, na prática, que a agricultura pode ser um caminho digno, moderno e cheio de oportunidades. O exemplo, o entusiasmo pelo campo, a inovação e a capacidade produtiva são ingredientes essenciais para manter a nova geração conectada ao legado da família.
Sustentabilidade e a Nova Geração no Campo
Outro ponto crucial na sucessão é entender que a propriedade precisa ser sustentável em três dimensões: financeira, social e ambiental. Quando o jovem percebe que existe planejamento econômico, preservação dos recursos naturais e uma convivência harmoniosa entre trabalho e bem-estar, aumenta a atratividade de permanecer no campo. Sustentabilidade, nesse contexto, deixa de ser discurso e passa a ser um projeto de longevidade da propriedade rural.
Anotar o que é feito na fazenda, registrar investimentos, inventariar bens, ter clareza dos custos e saber quanto vale o patrimônio são ações básicas que ainda faltam em grande parte das propriedades. Sem números, não existe gestão; sem gestão, não existe sucessão. Um filho só vai querer seguir no negócio se enxergar o caminho profissional e entender a estrutura patrimonial que sustentará esse projeto.
Sucessão Familiar: Mais que Herança, um Projeto de Vida
Por fim, vale reforçar: sucessão familiar não pode ser tratada como herança e sim como projeto de vida. É preciso envolver toda a família, planejar metas conjuntas, dividir responsabilidades e, principalmente, mostrar que viver e trabalhar na propriedade é motivo de orgulho. Quando o jovem sente pertencimento, percebe oportunidades e participa das decisões, o campo deixa de ser destino obrigatório e passa a ser escolha estratégica. E é exatamente nesse momento que portas se abrem quando o futuro bater.