Opinião

Seria 2024 o ano das ações?!

O início do ano é sempre cheio de indecisões, esperanças e julgamentos errôneos. E no mercado financeiro não é diferente.

Seria 2024 o ano das ações?!

O início do ano é sempre cheio de indecisões, esperanças e julgamentos errôneos. A grande maioria das pessoas fazem promessas na virada que caem no esquecimento na manhã seguinte. No mercado financeiro não é diferente, por isso, gosto de aguardar o início do ano para começar a me posicionar. Não significa que ficamos parados nem que acertaremos após esse período, apenas significa que as opiniões são resguardadas até o ponto o qual um cenário translúcido apareça.

É uma tentativa de entender a realidade e preparar-se para o ano que se apresenta a frente. Como eu sou um leitor assíduo de nomes como: Jim Rickards, Peter Schiff, John Rubino, John Mauldin, tenho uma tendência a sempre estar preparado para o pior ou, pelo menos, procurar perceber a ignorância do consenso.

O produto deste hábito é sempre estar com um pé atrás com o mercado financeiro. Nada de romance, nada de desespero. Confesso, assim, que estou mais otimista com o mercado de ações para 2024. Principalmente quando olho para as ações brasileiras. Aqui é primordial fazer um adendo: mercado financeiro pouco tem a ver com economia real.

Como os riscos foram e serão explicitados ao longo de outros artigos, por ora tentaremos ser especialmente otimistas. Nos últimos meses, o Brasil tem sido o caminho preferido dos investidores estrangeiros quando falamos em alocação em países emergentes porque estamos mais baratos relativamente aos pares, mais avançados no ciclo de cortes de juros e foram aprovadas algumas reformas importantes. No primeiro caso, como a China passa por um momento extremamente desafiador em sua economia planejada e as ações na Índia estão relativamente caras, a concorrência diminui e as opções viáveis que restam para o investidor estrangeiro são limitadas, restam Brasil e México como principais destinos.

O segundo motivo nos remete a uma resposta rápido do nosso Banco Central ao aumento da inflação para controlar a perda de poder de compra do real. A inflação fora controlada, as reformas da previdência e o arcabouço fiscal renovaram a tranquilidade e contribuíram o início dos cortes na taxa de juros. Não demorou para que os investidores tivessem a percepção de que as ações brasileiras estavam descontadas e tinham um potencial de aumento de lucro e de retorno sobre o patrimônio.

O investidor estrangeiro entrou com força, as ações brasileiras valorizaram-se. A volta dos fundos locais para a bolsa, seria talvez a bala de prata que destravaria o valor das ações e, principalmente, das empresas de menor valor de mercado, conhecidas como Small Caps.

Todavia o mercado não é constante, dificilmente ele segue em linha reta, porém podemos notar que esse otimismo é ecoado por vários nomes no mercado financeiro. Em uma pesquisa realizada pelo BTG Pactual, 84% dos gestores entrevistados esperam um desempenho melhor nas ações do que na renda fixa, enquanto 66% veem o principal índice de ações brasileiro acima dos 140 mil pontos (atualmente ele se encontra ao redor de 131 mil pontos) e 70% espera uma taxa Selic em 9% ou menos ao final de 2024.

Portanto, taxa de juros em queda, ambiente externo favorável, inflação controlada e agenda econômica favorável fazem das ações brasileiras uma pechincha aos olhos de muitos investidores. E respondendo à pergunta do título: 2024 pode ser sim o ano das ações.