O que é ser razoável? É fazer as coisas guiado por uma razão. Muita gente faz ou deixa de fazer as coisas movida por uma ou por várias razões. E, também, é por uma razão que desistem.
Contudo, aqueles que fazem acontecer são justamente os que não abandonam suas metas, seus ideais, que mantém seu curso de ação a despeito de insucessos ou frustrações anteriores, das dificuldades do caminho, do mercado, do governo, do sistema. Empreendedores de sucesso não são razoáveis. Não se conformam com as razões para abrir mão de seus projetos, seus objetivos, seus sonhos. São irrazoáveis.
Eles não dão ouvidos a desculpas, justificativas, barreiras. Vão lá e fazem apesar de. Apesar de seu grau de instrução; apesar de serem muito novos, muito velhos; apesar de terem pouco dinheiro ou do salário que percebem; apesar de o governo isso ou aquilo, da economia, do dólar; apesar da crise. Elas vão e fazem. Dão um jeito.
Todos temos essas duas pessoas em constante conflito dentro de nós. Razoável e irrazoável. Sempre haverá dias em que parecerá mais sedutor ceder a qualquer pretexto ou desculpa. Então, você vai se deparar com uma escolha: se você vai preferir valorizar o mimimi, permitindo que o seu “eu razoável” triunfe, ou se vai se botar em ação apesar do que parece mais fácil e conveniente, para fazer o que tem que ser feito, o que é certo, deixando o seu “eu irrazoável” vencer naquele dia. A soma destas escolhas diárias desvelará o seu sucesso, ou não.
Exemplo clássico disso é nosso saudoso Ayrton Senna, que, apesar do nível de dificuldade maior, corria melhor na chuva. Um irrazoável inveterado! Outro dia, tivemos uma situação próxima a nós: convidamos um amigo, professor e consultor consagrado, para conosco palestrar na semana acadêmica de uma importante universidade de nossa região. Não havia honorários, nem ajuda de custo, nenhum benefício imediato. Era noite e ele teria que vir de sua cidade e voltar na mesma noite, depois da palestra, mais de 100km. Fazia frio e chovia, ou seja, um cenário convidativo para, por qualquer desculpa, avisar que houve um “imprevisto” e simplesmente não vir. Todavia, definitivamente, ele não é um profissional de excelência à toa; veio e deu um show, deu seu melhor, pois tinha assumido o compromisso, mesmo que as condições não fossem as ideais para um consultor de seu quilate e valor. Parece tão singelo, não?
Ocorre que pessoas assim estão em falta hoje em dia e deveríamos erguer monumentos a eles nas escolas. Especialmente em tempos desafiadores como os atuais, nos quais o Brasil e o mundo carecem de empreendedores, de referências, de líderes irrazoáveis, que não valorizam problemas, óbices, dúvidas, desconfiança. Precisamos – e precisamos como nunca – dessas pessoas que dão valor a compromisso, às realizações, aos sonhos, que fazem e que dão conta do recado, apesar de tudo.