Por definição, invisível é aquilo que, por sua natureza, não se pode ver, que não corresponde a uma realidade sensível ou perceptível, que não é manifesto, que não se deixa conhecer. O risco, também por sua definição, traduz a possibilidade de perigo, uma ameaça, a possibilidade de insucesso de determinado empreendimento, em virtude de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados.
No curso da vida de uma empresa, há muitos riscos invisíveis. O risco que se esconde – num contrato, numa negociação, na aquisição de um bem, de um novo negócio, na relação estabelecida com clientes, colaboradores, fornecedores, concorrentes, entre muitos outros exemplos – é o grande inimigo que nós encaramos todos os dias. Não é sobre o que o empresário está vendo. É o que ele não está vendo. É o perigo que existe, mas está num ponto cego, e o empresário não está presente para ele.
Podemos extrair importante lição de um dos mais famosos empreendimentos da história: o Titanic. Era um projeto ousado, majestoso, admirável. Chamava à atenção por seu arrojo, sofisticação e imponência. Tão grandioso que diziam: “nem mesmo Deus poderia afundar”. Tudo revestido de pompa e circunstância, com ampla cobertura midiática. No início do século passado, o luxuoso transatlântico partiu de Liverpool (Inglaterra) para Nova Iorque (EUA). Em meio à jornada, o capitão do navio percebeu que, se desviasse um pouco sua rota, navegaria por mares mais calmos, podendo imprimir ainda mais velocidade e chegar ao destino antes do prazo. Imaginou a repercussão da imprensa para a pujança do Titanic. Porém, águas mais calmas fazem com que as ondas não se choquem com os icebergs, tornando mais difícil vê-los à noite e à distância. Bem, o final da história todos já sabem… Uma tragédia!
Isso ocorre em muitas empresas. O capitão do navio está tão focado em tocar o negócio, em colher uma oportunidade, que pode não estar presente para perigos que se ocultam para além do que seus olhos podem ver (como um iceberg, que flutua apenas 10% para fora d’água…). Não saber que estes riscos existem é, sem dúvida, o maior de todos os riscos para o empresário. As maiores dificuldades que ele vai enfrentar são exatamente essas. Porque não será o que ele se preparou para enfrentar que o irá atingir. É justamente o obstáculo que ele jamais imaginou. Daí a necessidade de desenvolver uma nova habilidade: a de ver o invisível. Se ele não tem tempo para pensar nisso, meu conselho é que procure quem o possa fazer por ele. De preferência, antes de bater num iceberg.