Desde meados do século passado, a quimioterapia se consolidou como o tratamento padrão para o câncer. Este procedimento, amplamente adotado, se tornou o alicerce financeiro das instituições de saúde, sendo o que mais recebe recursos públicos. Porém, apesar de sua popularidade e utilização, a quimioterapia apresenta limitações significativas, especialmente no que diz respeito à abertura para terapias inovadoras. Surge, então, a pergunta: por que essa resistência em adotar novos tratamentos?
O principal motivo reside na dinâmica do mercado farmacêutico, que é guiado pela lei da oferta e da procura. As pesquisas científicas, em grande parte, seguem o consumo. Não por acaso, quando chegamos na farmácia, a primeira pergunta é: “qual seu CPF?”. Um sinal claro de que a demanda direciona o que será produzido e comercializado. A cura da doença, infelizmente, torna-se secundária frente às relações de mercado.
Outro ponto relevante é o valor agregado às terapias. Rotas de síntese mais simples e eficazes muitas vezes são preteridas por não garantirem exclusividade de patente, tornando-as menos atrativas comercialmente. O verdadeiro desafio não é apenas a fabricação de um novo medicamento, mas todo o processo logístico de fazê-lo chegar ao paciente. Esse caminho é complexo e oneroso, envolvendo grandes corporações, distribuidores e diversos profissionais.
Porém, a quimioterapia segue um curso diferente. Sua produção e manipulação, altamente tóxica e perigosa, restringe sua fabricação a poucas corporações, criando um mercado exclusivo. Essa falta de concorrência faz com que esta “medicação” continue a ser o tratamento principal, mesmo diante de novas opções terapêuticas, sustentando o sistema de saúde de forma quase monopolista.
Assim, estamos presos em uma bolha tecnológica, onde a quimioterapia, ainda que ultrapassada, se mantém pelo seu alto valor comercial, alimentando um sistema de lucro à custa de vidas. Afinal, o câncer não escolhe suas vítimas – ele atinge ricos e pobres, perpetuando a mesma lógica de exploração e ganância.