COLUNA

Quantos litros de água estamos desperdiçando por ano em nossas propriedades

No campo, a cisterna deixa de ser apenas um reservatório e passa a representar independência financeira, ambiental e produtiva

Jardineiro irrigando alface com mangueira no jardim
Imagem: Freepik

Em tempos de estiagens prolongadas e aumento no custo da irrigação, olhar para o céu pode ser mais do que um ato de esperança pode ser uma estratégia de gestão. A água da chuva, muitas vezes desperdiçada, tem se tornado um recurso essencial para quem busca eficiência e sustentabilidade na produção de hortaliças e nas atividades gerais da propriedade rural.

O aproveitamento da água pluvial começa com um conceito simples: captar e armazenar o que a natureza oferece de graça. O sistema de recolhimento pode ser instalado nos telhados de galpões, estufas, casas ou depósitos, direcionando a água por calhas e tubulações até reservatórios ou cisternas devidamente dimensionadas. O resultado é um estoque valioso, capaz de atender às demandas de irrigação, limpeza, dessedentação animal e até processos industriais leves, dependendo do tratamento aplicado.

Mas a eficiência do sistema vai além da economia. Ao utilizar água da chuva, o produtor reduz a pressão sobre mananciais superficiais e subterrâneos, contribuindo para a conservação dos recursos hídricos e a sustentabilidade ambiental da propriedade. Além disso, o controle de volume armazenado e a qualidade da água permitem planejamento e segurança no manejo da irrigação, especialmente em cultivos sensíveis como alface, rúcula, salsa e cebolinha.

Um bom projeto deve considerar o tipo de cobertura do telhado, a área de captação, a intensidade média das chuvas na região e o volume necessário para atender a cultura. A declividade e o sistema de filtragem também merecem atenção: pequenas falhas no pré-filtro podem comprometer a qualidade da água, favorecendo acúmulo de sedimentos e contaminações.

Com uma média de 1.800 milímetros de chuva anual na região sul do Brasil, o que equivale a 1.800 litros por m²/ano, representando muita água. Cada m² de telhado pode recolher água para se produzir em vazo, ou em calha com recolhimento ou em sistema hidropônico, mais de 120 plantas de alface com média de 300g por ano ou atender a demanda hídrica de no mínimo de 15 plantas de morango.

Outro ponto que ganha destaque é a integração do sistema com tecnologias de automação e sensores de umidade do solo, que permitem ao produtor otimizar o uso da água armazenada. Essa união entre práticas tradicionais e inovação transforma o simples ato de armazenar em uma poderosa ferramenta de resiliência produtiva.

No campo, a cisterna deixa de ser apenas um reservatório e passa a representar independência financeira, ambiental e produtiva. Em tempos em que cada gota conta, aproveitar a água da chuva é mais do que uma escolha inteligente: é um investimento no futuro do agro.