Na semana passada, estive em São Paulo em um evento com mais de 120 participantes
discutindo sobre gestão de pessoas. Durante um dos intervalos, em uma conversa com
uma renomada advogada catarinense da área cível, ela me fez a seguinte pergunta:
“Sandro, o que é uma Startup?”
Naquele instante, pensei: quantas outras pessoas também não carregam essa dúvida?
Foi aí que decidi trazer o tema para a nossa coluna de tecnologia do Leouve, que reúne
uma audiência fiel e curiosa por informações de inovação.
Em minha trajetória profissional, já tive a oportunidade de criar três startups: duas delas
vendidas, e uma é a empresa que lidero hoje como CEO.
E afinal, o que é uma startup?
De forma simples, é uma empresa em estágio inicial, criada para desenvolver um
modelo de negócio inovador e de preferência escalável, ou seja, que consiga crescer
de forma rápida sem aumentar os custos na mesma proporção. Normalmente, estão
associadas à tecnologia, mas uma startup pode existir em qualquer setor que traga
inovação na forma de atender clientes ou resolver problemas.
Nem sempre é sobre tecnologia
O primeiro ponto é importante: uma startup não precisa, necessariamente, ser uma
empresa de tecnologia. Porém, como estamos em uma coluna voltada para este
universo, vamos conduzir nossa explicação sob esse olhar.
Toda startup nasce de um problema a ser resolvido. Depois de identificar o problema,
vem a segunda pergunta: para quem vamos vender nossa solução? Essa resposta é
fundamental, pois dela derivará todo o planejamento de crescimento.
Do problema ao cliente ideal
Vamos a um exemplo: digamos que 8 em cada 10 mulheres enfrentam dificuldades para
frequentar um salão de beleza. Se o público feminino no Brasil é de cerca de 100
milhões, temos um mercado de 80 milhões de potenciais clientes.
Mas surge a dúvida: quantas dessas mulheres estariam dispostas a pagar por um
atendimento em casa? E quantas abririam mão do horário fixo e do conforto do salão
por conveniência?
Aqui, temos dois caminhos: realizar uma pesquisa de mercado ou partir direto para um
MVP (Mínimo Produto Viável) — um teste simples e barato para validar a ideia.
Por que começar simples
Sem um MVP, é comum cair na tentação de desenvolver um superaplicativo com
agendamento automático, notificações, pagamentos online e controles de
cancelamento. Mas isso pode gerar dois grandes problemas:
- Tempo de desenvolvimento, que pode atrasar a entrada no mercado.
- Custo elevado, que pode se perder caso o modelo precise ser repensado.
Uma alternativa mais inteligente seria criar uma planilha de agenda no Excel,
disponibilizar um número de voz e WhatsApp para atendimento e contratar alguém para
organizar os pedidos. Com isso, já é possível testar a ideia, medir a adesão do público e
ajustar o produto antes mesmo de investir pesado no desenvolvimento tecnológico.
E o sonho do unicórnio?
Uma startup precisa nascer para resolver um problema real. Descoberto o problema e
entendido o tamanho do mercado, conseguimos calcular o potencial de faturamento e
até sonhar em transformar a empresa em um unicórnio — ou seja, ser avaliada em 1
bilhão de dólares, o sonho de dez entre dez fundadores.
Mas antes de pensar em bilhão, é preciso dar o primeiro passo: identificar o problema
certo, para o cliente certo, da forma mais simples possível.
E você, já pensou qual problema resolveria se fosse criar a sua própria startup?