Memória LEOUVE

Procrastinação

Procrastinação

O otimismo exacerbado é entediante e estagnante, vivemos sempre o futuro que nunca chega e falsas expressões de sucesso que não tem lógica alguma. Essa é a descrição mais adequada para o Brasil, um país economicamente desestruturado e que alimenta ímpetos de um país desenvolvido com soluções heterodoxas que tem se mostrado fadadas a “voos de galinha”.

O Brasil não tem apenas problemas, mas também soluções adiadas, procrastinando um futuro produtivo. A cerne do pensamento é lógico e claro, ficamos presos ao mito do milagre, o remédio milagroso, perdendo períodos temporais irrecuperáveis e que talvez não seja possível ingressar na classe dos desenvolvidos.

É de lamentar que nesses últimos 20 anos, fracassamos e continuamos como um país em desenvolvimento, emergente. Flertando a maldições parecidas com os “Los Hermanos” e podendo terminar o século mais pobres do que começamos. A maldição mitomaníaca e populista, nos colocou em um abismo maior, ainda mais longe do “sonho americano”.

A nossa renda per capita, estagnou da Independência até o fim do século, enquanto a americana quadriplicou. Em dólares a renda per capita brasileira de 1904, foi de 713 dólares, a mesma que a de 1820. O império foi economicamente um desastre, carregado pela política corporativista, agonizada nas expressões sofríveis de Visconde de Mauá¹.

No meu ver, estamos ainda no mesmo barco. Vivemos em um país lento, onde a guerra ideológica é debate constante e as reformas ficam reclusas em grupos pequenos, os quais, tem pouca relevância no debate nacional. Nosso debate continua pobre e as soluções pró Brasil não são mais as mesmas pós Plano Real. Precisamos de remédios mais amargos e de uma reinvenção na forma de avaliar a política brasileira.

¹FRANCO, Gustavo. Lições Amargas: Uma História Provisória da Atualidade. Rio de Janeiro: Editora Real, 2021