O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o PIB do primeiro trimestre de 2023. O crescimento de 1,9% no trimestre surpreendeu o mercado, porque veio acima das expectativas de 1,2%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 4,0% também bem acima do consenso que era 3,2%.
Não há dúvidas de que a economia brasileira vem mostrando uma boa resiliência mesmo com um cenário interno e externo desafiador. Sobre as questões domésticas pesam as incertezas sobre as ações do governo, mesmo com o arcabouço fiscal sendo aprovado na Câmara dos deputados, outras questões como: reforma tributária, política externa e moeda única na América Latina são questões que pesam e geram desconfiança nos brasileiros. Sobre o exterior pesam os juros e inflação altos que podem geram uma recessão.
A despeito do resultado do PIB que surpreendeu positivamente o mercado, várias instituições e bancos vinham aumentam suas expectativas de crescimento para o Brasil neste ano, indo de 1,06 para 1,26, segundo o relatório Focus divulgado pelo Banco Central, agora tendem a ir ao encontro da projeção do ministério da fazenda que afirmou no seu boletim macrofiscal uma projeção de alta de 2,3%, em linha com o otimismo de Fernando Haddad que espera um PIB acima do 2%.
Pois bem, um país com o potencial do Brasil deveria estar crescendo no mínimo 4% ano. Um PIB de meros 2% deveria ser motivo de preocupação e não comemoração. Obviamente que dentro do cenário e do recente histórico isso significa uma melhora. Mas será que um PIB aumentando nestes níveis significa economia aquecida?
Para responder a questão vamos olhar os números divulgados que compõe o dado econômico. Enquanto o setor Agro foi o destaque absoluto crescendo 21,6%, maior alta em 27 anos, houve queda na indústria de 0,1% e queda de 3,4% na formação bruta de capital fixo. Além disso, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) divulgado pela FGV apontou uma leva alta na confiança, porém longe de um otimismo.
Fica evidente que é o setor do Agronegócio que move o Brasil, sem ele nosso crescimento seria pífio. Assim, alguns números indicam que os investimentos têm diminuído o que é, obviamente, ruim no médio e longo prazo para a economia do país. Portanto, vale sim comemorar o dado, mas também notar que muita coisa certa ainda deve ser feita para que o Brasil tenha um crescimento digno.