CRÔNICA

Pequenos Gestos, Grandes Futuros: A Revolução Silenciosa das Salas de Aula

O sentimento de pertencimento a algo maior e a percepção de que as próprias ações geram resultados são fatores que conduzem ao engajamento, de adultos e crianças.

Pequenos Gestos, Grandes Futuros: A Revolução Silenciosa das Salas de Aula

Na semana passada, estive na Mostra Científica do município de Carlos Barbosa, e saí de
lá com o coração aquecido e a esperança renovada. Entre tantos trabalhos voltados à
sustentabilidade, quero trazer um que achei muito interessante, que une o cuidado com o
futuro e as pessoas: um grupo de alunos do 5º ano que desenvolveu sabonetes artesanais
com ervas medicinais. Mas não foi apenas o produto que me encantou – foi a jornada, o
processo, a semente plantada.

Conversei com essas meninas e percebi algo que vai muito além de um projeto escolar. Vi
uma geração que não é “do futuro” – porque se continuarmos falando assim, esse futuro
nunca chega –, mas uma geração do presente, pensando em sustentabilidade,
empreendendo e propondo soluções maravilhosas para os desafios que enfrentamos hoje.

O Poder Transformador da Educação Integrada

O trabalho desses estudantes não foi apenas sobre fazer sabonetes. Foi sobre despertar
consciência para o cuidado com o meio ambiente e o autocuidado, integrando práticas de
sustentabilidade, saúde e bem-estar no contexto escolar. Eles revitalizaram a horta da
escola, participaram de palestras com profissionais de diversas áreas – nutricionista,
enfermeira, técnica da EMATER, farmacêutica, psicóloga, engenheira agrônoma –, fizeram
visitas de estudo e, por fim, colocaram a mão na massa para produzir seus sabonetes
artesanais.

A infância é uma fase fundamental para a formação de valores, hábitos e atitudes que
acompanharão o indivíduo ao longo de toda a vida. Nesse contexto, a escola
desempenha um papel essencial na promoção de ações que estimulem a saúde, o
bem-estar e o respeito ao meio ambiente. O projeto teve como objetivo integrar o ensino de
práticas sustentáveis ao desenvolvimento do autocuidado, por meio do cultivo de ervas
medicinais e da produção artesanal de sabonetes, proporcionando aos alunos uma vivência
prática e significativa, conectando os conteúdos escolares a experiências do cotidiano.

Imagine o impacto: crianças que mergulharam no universo das ervas, ampliaram
conhecimentos sobre diferentes tipos, usos e benefícios, e desenvolveram uma
compreensão profunda sobre a importância de cuidar do meio ambiente e de si mesmas.
Cada etapa foi uma lição prática de bioeconomia – mostrando que é possível fazer
economia com produtos naturais que trazem saúde não só para o ambiente, mas também
para as pessoas.

As Verdadeiras Lideranças: Professores como Jardineiros de Sonhos

Mas por trás desse projeto brilhante, vi algo ainda mais poderoso: professoras que são
verdadeiras lideranças, como a Débora Katia Dornelles. Essas educadoras, que tanto
menciono quando falo de liderança transformadora, são aquelas que ajudam a pesquisar,
que plantam sementes no coração de cada jovem para despertar questões ambientais,
sociais e econômicas. Elas não apenas ensinam; elas cultivam futuros.

É assim que a gente constrói uma nova sociedade. Não com grandes discursos ou políticas
distantes, mas com projetos como este, onde cada pequeno gesto – plantar uma erva,
produzir um sabonete artesanal – contribui para a construção de um mundo mais
sustentável e equilibrado.

O Ecossistema de Colaboração que Inspira

A Mostra Científica de Carlos Barbosa me orgulha não apenas pela qualidade dos
trabalhos, mas pelo envolvimento das empresas do município em diversos projetos dos
alunos. Vi empresas levando conhecimento, palestrando, abrindo suas portas para visitas.
Vi estudantes conhecendo não só empresas, mas entidades fundamentais como Embrapa e
EMATER. Esse é o ecossistema de colaboração que precisamos replicar em todos os
cantos do país.

É assim que construímos uma nova sociedade e um futuro melhor: quando escola,
empresas, comunidade e família se unem em torno de um propósito comum. Quando a
educação deixa de ser apenas transmissão de conteúdo e se torna formação de cidadãos
conscientes e engajados.

O Pertencimento que Transforma

A turma do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora
Aparecida
não estava apenas fazendo um trabalho escolar. Eles estavam pertencendo a
algo maior: a uma comunidade que valoriza a sustentabilidade, a uma escola que acredita
no poder transformador da educação prática, a um futuro que eles mesmos estão
construindo com suas próprias mãos.

O projeto “ENTRE ERVAS E SABONETES: APRENDENDO A CUIDAR DA TERRA E DE
SI
” – o nome já diz tudo – teve como objetivo a integração entre o cuidado com o meio
ambiente e o cuidado pessoal. Dessa forma, buscou-se despertar nos estudantes a
consciência ambiental, o cuidado com o próprio corpo e o fortalecimento de atitudes
responsáveis e sustentáveis.

E é esse sentimento de pertencimento que precisamos cultivar em cada jovem, em cada
comunidade. Porque quando nos sentimos parte de algo maior, quando vemos que nossos
pequenos gestos fazem diferença, é aí que o engajamento nasce naturalmente.

Sua Parte Nessa História

Então, minha pergunta para você é: como está contribuindo para plantar essas sementes na
sua comunidade? Que horta você está ajudando a revitalizar? Que sabonete artesanal você
está incentivando alguém a produzir?

Porque, no fim das contas, cada um de nós é um professor em potencial. Cada
conversa, cada exemplo, cada pequeno gesto sustentável que fazemos pode ser a semente
que desperta a consciência de alguém. E talvez, quem sabe, essa semente se transforme
no próximo projeto que vai orgulhar uma feira científica e inspirar uma nova geração.

O futuro não está nas mãos das crianças. Está sendo construído por elas, hoje, com
nossas mãos estendidas em apoio.