Um homem gigante encarando outro homem em um cenário surrealista com tempestade e raios.
Imagem: Google Gemini

A posição de titã do Brasil nas commodities contrasta com a eterna sina de ser considerado um anão diplomático. Mesmo com os bilhões em exportações e importações representamos menos de 2% de tudo que é transacionado no mundo. Oscilamos entre a destaque e a irrelevância.

A guerra comercial destravada pelos Estados Unidos é em essência uma resposta às práticas comerciais abusivas de alguns governos. A burla das regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) trouxe inegáveis vantagens comerciais. Entretanto, mesmo estes que anteriormente se valiam destas vantagens mercantis fizeram o que espera-se de qualquer sensato, hesitaram em brigar e foram por vias diplomáticas negociar com os Estados Unidos da América.

O caminho natural do diálogo não está sendo percorrido pelo Brasil. Um dos poucos países, se não o único, que não mostra a real intenção de negociar. Nem a China, que é claramente o principal alvo do governo americano, evitou o embate e abriu conversas com os EUA.

As recorrentes críticas contra a dominância do dólar como reserva internacional não têm nos ajudado, inclusive foram o estopim para que as tarifas de 50% sobre as importações brasileiras fossem impostas. O setor do agronegócio prevê perdas de US$ 5,8 bilhões com tarifaço dos EUA somente em 2025. De beneficiados, estamos indo para único prejudicado.

Antes as viagens, os apertos de mãos, os sorrisos e as fotos fizeram com que o país deixasse de ser considerado um anão diplomático. Porém, retrocedemos. Hoje não conseguimos – ou não fazemos questão de – conversar com a maior com a maior economia do mundo. Uns apontam a incompetência, outros a ideologia, mas podemos afirmar até o momento Japão, China e União Européia, a despeito da contrariedade a tudo que Trump representa, negociaram para evitar problemas econômicos graves e nós somos os únicos que se prepara para o embate direto. Se Pedro Álvares Cabral descobrisse o Brasil atualmente, a carta conteria a descrição de nuvens negras nos céus da nova terra. É mais belo capítulo da história que Brasília escreve no diário do Brasil. Ao invés de nos portarmos como um país que está entre as grandes economias mundiais, preferimos não crescer e sermos o anão brigador incapaz de subir o primeiro degrau do ringue.