Os Bancos Centrais seguem com juros altos

As últimas semanas foram tensas no mercado financeiro, a quebra de três bancos americanos alimentou esperanças de que o Federal Reserve reduziria o ritmo das altas dos juros. Por aqui, o cabo de guerra entre governo e Banco Central deve intensificar-se. O comunicado de ontem da instituição foi duro. Os dois bancos centrais continuam observando as expectativas para a inflação e declararam que, caso não haja uma melhora, a trajetória do juro não será modificada neste ano.

Nos Estados Unidos, os investidores precificavam que o Federal Reserve por causa dos problemas com os regionais bancos sinalizaria que os juros poderiam baixar ainda em 2023. No entanto, dois baldes de água fria foram jogados. O primeiro foi que o presidente do Banco Central americano afirmou que não vê possibilidades, no momento, de baixar os juros neste ano. O segundo balde, foi a secretária do Tesouro Americano afirmando que o governo não pretende garantir todos depósitos do setor bancário, ou seja, o limite continuaria sendo de 250 mil dólares. Além disso, foi deixado claro que o problema com o Silicon Valley Bank foi a falta de gestão de risco dos ativos do banco e não um problema sistêmico.

Em terras tupiniquins, Roberto Campos Neto manteve-se firme não cedendo à pressão política. O recado foi claro: para o juro baixar o arcabouço fiscal deve ser apresentado e não apenas especulado. Diante disso, os ataques dos integrantes do governo e seus apoiadores na mídia devem se intensificar, um tom mais agressivo jogando a culpa dos problemas econômicos brasileiros nas costas do BC deve ser o foco. Pedidos de renúncia deverão aparecer constantemente nas capas dos jornais.

Pois bem, devemos lembrar que a situação fiscal do Brasil, que já era frágil, ficou pior depois da PEC de transição com um rombo fiscal gigante. Outro detalhe é que na equipe do atual governo os conhecimentos técnicos sobre economia são deficitários – fato admitido por alguns deles.

Portanto, esperamos que o juros caia apenas e somente se os problemas fiscais sejam sanados e a inflação arrefeça. Caso o governo não apresente uma solução eficiente para condição fiscal ou demore muito para apresentá-la, a economia seguirá sofrendo, pois os juros terão que se manter altos. Baixar os juros no grito ou por pura politicagem pode nos colocar em pouco tempo no caminho dos nossos vizinhos o qual a inflação supera 100% ao ano, os juros estão na faixa dos 75% ao ano, dólar disparou e 40% da população está na pobreza.