Placas de trânsito são importantes, existem há muito tempo – os primeiros marcos de pedra surgiram na Roma antiga, depois, ao final do século XIX apareceram placas para ciclistas, já que se tratava de um veículo silencioso e era importante notificar seu trânsito e no início do século XX houve a necessidade de uma estandarização. Apenas em 1968 houve uma normatização mais complexa e que passou a ser adotada em vários países.
Não restando qualquer dúvida quanto à sua utilidade, não se pode dizer que as placas vão resolver problemas mais complexos. Elas podem mandar você parar num cruzamento, indicar o sentido de uma via e a proibição de determinados veículos em outra. Mas são ferramentas auxiliares. Jamais serão a estrada ou uma ferramenta capaz de desatar certos nós do tráfego nem corrigirão motoristas incorrigíveis.
Em Bento Gonçalves, sucessivas administrações públicas municipais encomendaram estudos caros para tentar resolver os conflitos gerados por conta de uma frota grande demais, numa topografia irregular demais em uma cidade que cresceu sem que se reservasse espaços para alargar vias estruturais, que se dirá das secundárias.
A verdade é que em termos de saturação do trânsito o futuro chegou e ninguém conseguiu prevenir o caos que se vive hoje. Tente atravessar a cidade com rapidez no final de tarde. A 13 de Maio fica entupida; quem entra na cidade, oriundo da BR 470, encontrará mais carros do que as ruas suportam; as avenidas Osvaldo Aranha e São Roque são lastimáveis e o entorno da praça Vico Barbieri é um teste à paciência do motorista. E nem falamos do Centro (Júlio de Castilhos, Saldanha Marinho e Barão do Rio Branco) motivo de recentes modificações ainda em teste.
Não se conseguirá resolver a questão e devolver um pouco de fluidez e aquela tranquilidade que deseja um cidadão que optou por viver no interior com mudanças relâmpago, ou sob encomenda de determinados grupos. É necessário um norte e um conjunto de ações que passam por pesados investimentos, muita educação e, sim, placas.
Arrisco dizer, como contribuição/provocação para reflexão, que é preciso partir de certas premissas: a) encontrar alternativas para que o motorista que não tenha o Centro como destino consiga não passar pelo Centro; b) quem ingressou no Centro, precisa dele sair com rapidez; c) é preciso facilitar a chegada ao Hospital Tacchini (Corredor da Vida) seja de qual ponto de partida for; d) não teremos um trânsito melhor sem grandes investimentos, que incluem a desapropriação de áreas para ligação de ruas ou para aquisição de semáforos.
Em suma, não é possível continuar maquiando ou nos iludindo. Infelizmente uma obra viária como o túnel do São João exige vultoso investimento e tem armadilhas contidas. Mas até que ponto 11 ou 12 milhões podem ser considerados caros se contemplarmos os benefícios que daí advirão. Precisamos aprender e tornar corriqueira a destinação de recursos semelhantes para uma cidade que se recusa a parar de crescer. Vou lembrar que duas décadas atrás o município de Santa Tereza não tinha ligação asfáltica. O então prefeito Denis Acco encarou o desafio e só com recursos locais fez a pvimentação. Alguém imagina que o asfalto estaria lá hoje não fosse esta obstinação do então Prefeito?
A cidade de Bento tem encrencas no trânsito reconhecidas por motoristas veteranos e pelos recém habilitados. É certo que as autoridades também conhecem estes problemas. Enquanto não tivermos soluções alternativas para a locomoção, enquanto continuarmos enxergando o carro como principal meio de locomoção, é preciso que o município invista em obras para melhorar o tráfego em nome do o bem estar de sua população.