
Todo investidor iniciante sonha em comprar uma ação e surfar uma onda de alta que duplique, talvez até triplique seu patrimônio e o faça rico. Embora pouco se aplique, sabe-se que cortar as perdas rapidamente significa reduzir as chances de sofrer danos que podem ser irreparáveis ou, na melhor das hipóteses, demorar anos para recuperar.
Neste cenário, desde 2021 as empresas ligadas ao varejo brasileiro têm seguido uma trajetória de queda. Após o setor tocar nas suas máximas históricas impulsionadas por uma demanda reprimida em função das quarentenas e pelo auxílio emergencial que encheu o bolso dos brasileiros.
A inflação começou a incomodar, o Banco Central que até antes segurava a taxa de juros nos menores níveis da história brasileira virou a chave, iniciou um ciclo de alta dos juros que perdura até hoje, janeiro de 2023.
São quase dois anos nos quais os juros usam como trampolim as empresas de varejo, impulsionam-se nelas para saltar em níveis altíssimos enquanto elas seguem afundando. Em agosto de 2022, as varejistas ensaiaram uma recuperação, frustrada logo após as eleições com o aumento de percepção de risco.
Diante disso, o investidor experiente encerrou logo as posições mesmo estando no prejuízo. Enquanto o investidor esperançoso repetia o velho mantra “um dia vai voltar”. Essa é sempre a esperança de todos que investiram nas empresas X do Eike Batista e mais recentemente na Oi. Uma esperança sem fim, uma perda sem limite.
A esperança é uma virtude que no mundo dos investimentos serve como cortina de fumaça para esconder o erro. Vender algo no prejuízo é admitir que se errou, não podemos escondê-los de nós mesmos. Alguns destes erros podem custar muito caro para o investidor. Tão caro que todo seu patrimônio e esforço pode ir pelos canos de esgoto com a mesma facilidade com que a água da torneira escorre pelo ralo da pia.
A Lojas Americanas era uma das empresas que vinham caindo pregão após pregão e muitos investidores ignorando a realidade esperançosos e repetindo o mantra seguiram com ela na carteira, menos trinta, menos sessenta, menos oitenta por cento. Não era mais investimento, era casamento com o inimigo. O último golpe veio ontem, dia 11 de janeiro, com a divulgação de fato relevante informando ao mercado que 20 bilhões em passivos não foram lançados no balanço. Duas vezes maior do que o valor da empresa, que diga-se era a maior alta de 2023 do Ibovespa.
O investidor conservador deve estar pensando: eu estou fora dela. No entanto, mesmo quem investe em renda fixa pode ter alguma debênture, CRI ou CRA da empresa e poderá sofrer calote. Especulam que grandes gestoras de fundos de investimentos estão expostas à empresa. O cuidado na escolha das empresas que se investe tem que ser constante. Trocar títulos ou ações de uma empresa com futuro duvidoso por alguma melhor é sempre um bom negócio a qualquer momento.
*Anteriormente foi citada a Bogari que entrou em contato conosco e afirmou que não tem posições na Americanas.