COLUNA

O papel da arquitetura na educação

O espaço escolar não é neutro, ele afeta humor, concentração, a relação entre os alunos

Sala de conferências com cadeiras marrons e tela de projeção.
Cristina Mioranza/Divulgação

A escola é estrutura, mas também é emoção. Ali são construídas as primeiras memórias, primeiras experiências e isso começa, literalmente, pelo espaço que se habita. Depois da pandemia, ficou ainda mais evidente que os muros não podem mais aprisionar. Os espaços escolares precisam ser cada vez mais convidativos: quem entra em uma sala escura, abafada, com carteiras apertadas, não entra para aprender, mas para resistir.

A arquitetura tem papel ativo na educação e não estamos falando só de funcionalidade. Um ambiente bem planejado desperta a vontade de estar ali. E essa vontade é meio caminho andado no aprendizado. Áreas verdes, iluminação natural, salas abertas, espaços que permitam ver e ser visto, tudo isso contribui. Trata-se de saúde mental, de desempenho, de presença e não de luxo.

O modelo de escola fechada, padronizada ficou para trás. Hoje, decisões arquitetônicas simples alcançam o conforto e o bem-estar: ventilação cruzada, materiais que isolam o som, iluminação com alto IRC para não agredir a visão, além de móveis ergonômicos e coloridos que estimulem o corpo e a mente. Devemos lembrar que a escola é de todos, precisa ser de todos. Não podemos projetar pensando apenas no que caminham, enxergam, ouvem. A inclusão também deve ser pensada: pisos antiderrapantes, rampas, elevadores.

E por que não fazer dos corredores escolares, lugares de aprendizagem também? Um grande exemplo é o Colégio Dante Alighieri, onde a história da instituição percorre os muros, mostrando que se aprende ao caminhar. Museus de percurso. Arquitetura que narra, que conecta. 

O espaço escolar não é neutro, ele afeta humor, concentração, a relação entre os alunos. Depois da família e do professor, o espaço serve como terceiro educador. Projetar escolas não é erguer prédios, é erguer futuros. E futuros se constroem com propósito. A arquitetura que acolhe também educa e transforma.