Entrando no supermercado, vi uma criança de uns quatro anos, alegre e simpática que, ao se deparar com a pilha de ovos, pergunta para o pai: “o que veio antes: o ovo ou a galinha?”. Ao passo que o pai fez uma cara de quem não teria a resposta simples na ponta da língua, a criança saiu pulando e cantarolando pelos corredores entulhados de promoções que eram os preços normais de 3 meses atrás.
Talvez a falta de resposta do pai se deva ao fato de não ter sido a primeira pergunta do filho no dia nem seria a última; esta deveria estar encaixada numa sequência ininterrupta digna de uma criança que descobre o mundo a cada dia.
A anedota popular não deve ter chegado ao conhecimento dos burocratas do governo Biden. Com a desculpa de reduzir os riscos de gripe aviária foram sacrificadas algo em torno de 150 milhões de galinhas poedeiras sem muito critério. Os preços dos ovos nos Estados Unidos saíram de algo próximo a US$ 2,00 a dúzia para US$7,50.
A insanidade sanitária, portanto, causou um grave desequilíbrio na oferta em um dos maiores mercados consumidores. É impossível imaginar qual nível de QI é necessário para entender que sem galinhas faltariam ovos adiante.
Como uma flecha que passa por uma folha de papel e atinge o alvo escondido atrás, o choque de oferta logo atingiu outros países. O Brasil viu a exportação de ovos em fevereiro saltar 57,5% ante mesmo período do ano passado.
No entanto, as exportações não representam a totalidade do problema brasileiro com os preços dos ovos. O aumento dos custos de produção e o aumento de consumo são os fatores determinantes dos preços domésticos. O primeiro está ligado aos insumos os quais estão ligados a cotação dólar que disparou nos últimos meses devido ao risco fiscal do país.
O segundo são os brasileiros concordando com o governo Dilma quase 11 anos depois. Diante do peito de galinha custando o preço do filé e a picanha custando o preço do ouro, os consumidores massivamente trocaram a carne por ovo.
Somente uma pessoa pretenciosa cuja maneira de se apresentar difere das suas possibilidades poderia sugerir que a culpa do preço dos ovos subir mais de 61% no ano é do produtor. O Brasil vive um momento que a inflação dos alimentos pressiona o bolso do povo. A inflação, por sua vez, está ligada diretamente na quantidade de dinheiro em circulação. Esta, em última análise, é controlada por quem está sentado em Brasília usando ternos Armani e cartão corporativo com gastos sigilosos.