Foto de morango caramelizado em tela de celular, post de SweetTreats, mãos segurando o dispositivo
Imagem: Google Gemini

O que acontece com algumas febres culinárias, que como um tsunami de tiramisù invadem tudo em todo lugar ao mesmo tempo agora? 

Não se sabe de onde veio, e depois que passa deixa terra arrasada e negócios quebrados pela pouca durabilidade, já previsível mas irresistível no momento em que todo mundo só fala naquilo.

Das profundezas das gourmeterias do inferno, o passado nos enfiou goela abaixo as paletas mexicanas, cupcakes, frozen yogurts, brigadeiros e pipoca sofisticadas pelo alto preço e sabor. Alguns deixaram saudade, outros já foram tarde. Na minha infância tinha canudinhos e pizza nos aniversários, gelatinas coloridas com creme de leite, espuma de morango e cajuzinho.

Dos alimentos cabeçudos determinados, aqueles que a gente achou que nao iam durar mas resistiram à gourmetmania, temos o açaí, temakis, comidas japonesas, hambúrgueres e cervejas artesanais.

Atualmente, o pistache e o morango do amor são os donos de todos os pedaços. O pistache, um grão elegante no aspecto e metido a besta no gosto e no preço, encapsulado na sua casca como uma pérola dentro da ostra, parece que veio pra ficar, mas não arrisco palpites porque o que cai no gosto popular é imprevisível enquanto durar.

E finalmente chegamos no morango do amor, a cereja do bolo das febres culinárias. Neto da maçã do amor, o que já era uma coisa ruim e rainha do desperdício _ sim, cobrir uma fruta saudável com uma casca grossa de açúcar, que ninguém consegue comer sem se babar, enjoar ou talvez quebrar um dente e que acaba em uma lixeira comido no máximo pela metade, não pode virar um prato gourmet. 

Se enganou quem achou que não, porque o raio gourmetizador não poupa sólidos ou líquidos, frutas ou verduras, carnes pães raízes e até bactérias cults como a kombucha. 

O morango, fruta naturalmente deliciosa que nem de açúcar precisa para brilhar, foi forçado a fazer uma harmonização facial culinária que, claro, não deu certo. 

Ele estava lá, na sua, enturmado na salada doce ou salgada, circulando bem entre os doces e as comidas japonesas, combinando com espumantes e profiteroles. Mas o morango nunca foi prato-dependente e sabe viver e brilhar sozinho. Coradinho, vermelho, cheio de pintinhas amarelas simpáticas, quando algum maluco pensou: vou embotocar esse morango, colocar uma crosta de açúcar bem dura tipo unhas de gel e vender bem caro. 

A pessoa que achou uma boa idéia criar o morango reborn ao cruzar essa fruta inocente com a maçã do amor não é um visionário, é um terrorista das cáries, dentes quebrados e outros problemas de saúde internos causados pelos excesso de açúcar..

Por enquanto, até surgir uma nova moda e para facilitar a nossa vida, vou lançar algumas febres culinárias que já vem erradas de fábrica, como o caviar de tainha, suco de quiabo, churrasco de arroz e o jiló do ódio caramelizado. Tudo certo pra dar errado.