
Eu tenho um ranço bem rançoso. Tenho os dois pés e mãos atrás quando o assunto é blogueiros, influencers e coaches.
Sei que o uso de plataformas é uma não tão nova forma de se comunicar, de ensinar, de se espelhar em figuras relevantes e que tem algo a dizer.
A minha bronca é com muitas dessas figuras e o que elas dizem, fazem e ganham usando a desgraça, ingenuidade e até leve ganância alheia. Os subterfúgios e absurdos para viralizar, as maldades para engajar.
Tem Influencer que divulga jogo e ganha mais se o jogador perde mais. Tem os que copiam ou modificam levemente o conteúdo de músicos, escritores, ilustradores e artistas para monetizar por obras que não criaram.
Tem os coaches que se dizem milionários vendendo fórmulas falsas para você enriquecer, cheias de preconceito, exploração e desinformação, atacando a formação acadêmica e o pensamento crítico.
Tem os que vendem bagulhada usando uma partícula de conceitos complexos como física quântica e neurociência. Vendem placebo a preço de ouro para dor de dente, de cotovelo e doenças sérias.
Tem os nadas, que fazem coisa nenhuma e não acrescentam nada de útil na vida de ninguém, mas se dizem influencers, e tem gente que segue, mesmo sem saber porque ou pra que.
Essa é minha bronca, ranço, revolta, com grande parte dessa gente que se diz influencer e coach sem saber (ou sabendo) o mal que está causando ao influenciado, que às vezes só sonha com uma mágica que transforme sua vida ou, ainda, se tornar ele próprio um influenciador.
O Lado Bom da Força
Mas como toda moeda tem outro lado e para cada 100 mil picaretas digitais temos 1 bom sujeito, o mundo tem seus influencers do bem.
Tem os que fazem humor sem ranço, os que usam para esclarecimento político sem baixarias, tem os que repercutem notícias sem dar palco pras fake news, tem quem dê dicas e cursos sérios sem vender ilusão, futilidades e ilhas da fantasia.
Tem os que denunciam, os que engajam a opinião pública, os que informam e que fazem por uma causa muito mais do que autoridades deveriam fazer, seja por descaso da lei ou por falta de palco mesmo, pois hoje se presta mais atenção num post de um influenciador do que em uma informação de utilidade pública.
Quando falo em influenciadores do bem, não estou falando nos que têm o maior número de seguidores, mas nos que tem algo de bom para nos dizer e situações reais para fazer a gente pensar no que é correto.
Nomes que Inspiram
Teve a Luana Piovani, que não acompanho, mas aplaudi quando jogou gasolina na PEC das Praias, resultando, pela repercussão de sua fala, numa discussão ampla e freio no cercadinho VIP do Neymar.
Agora tem o Felca. Reconheço minha ignorância de não saber quem ele era antes do vídeo sobre adultização e exploração infantil, que ele largou feito bomba nas redes. Deu mais resultado do que acontecimentos e denúncias, e fez muita gente acordar para coisas aparentemente inocentes e outras nem tanto. Ele já tinha fama com seu público. Já sofreu na pele os efeitos de uma sociedade não inclusiva. Foi corajoso o suficiente ao fazer a denúncia que fez, com pesquisa, exemplos, provas, linguagem atual, nome e sobrenome. Foi generoso ao doar qualquer lucro com o vídeo para instituições que cuidam de crianças vulneráveis. E o melhor, fez as autoridades levantarem a bunda da cadeira e dançarem na boquinha da garrafa da realidade.
A verdade é que tem falcatrua em qualquer profissão. Tem gente competente e incompetente em qualquer ocupação. E reconhecer que tem influencer do bem faz da minha auto intitulada função de síndica do meu quadrado um prazer raro nesse engarrafamento de hipocrisia e escuridão humana. Acho que ser influencer, coach, inspirador, comunicador, é isso, é fazer coisas úteis e boas para a sociedade, não apenas para sua conta bancária.