O efeito do rendimento real negativo

O IPCA de fevereiro teve alta de 0,83% enquanto o CDI rendeu 0,80% e a poupança rendeu 0,51%. Portanto, quem deixou o dinheiro no CDI ou na poupança teve um rendimento real negativo, ou seja, compra menos hoje do que comprava anteriormente mesmo considerando o rendimento das aplicações.

Este fato não ganhou as capas dos jornais nem foi explicado por longas matérias nos programas de TV. O ambiente brasileiro parece ser moldado para tirar a atenção do povo do que realmente impacta sua vida. Pois, embora não haja dificuldades para perceber que os alimentos ficaram mais caros nos últimos meses, há dificuldades para entender como a dinâmica da inflação mexe no bolso e, principalmente, como se proteger do aumento de preços.

A inflação nada mais é do que imposto disfarçado. O governo é o único agente que se beneficia dela. O trabalhador, o empresário, o investidor ficam mais pobres mês após mês mesmo que não gastem um real sequer. Esse é o efeito do rendimento real negativo. Ele nada mais é do que a reposição insuficiente do capital frente a desvalorização da moeda. Em outras palavras, inflação mais alta do que retorno obtido em um período.

Se esses picos de inflação corroem o poder de compra dos brasileiros mesmo em um ambiente de inflação relativamente controlada, podemos imaginar o que aconteceria caso ela saia do controle novamente. Por isso, sempre ter ativos que replicam a inflação, como os IPCA+, é fundamental para preservação do patrimônio em um país historicamente inflacionário como o Brasil.

Portanto, mesmo que você não tenha ainda o hábito de poupar e investir, saiba que mesmo assim a inflação gera efeitos perniciosos na sua vida financeira. Entendê-la te ajudará a ter uma vida financeira mais saudável. Mas não espere que o teu gerente ligue avisando que você perdeu dinheiro nem que o político admita o fato da inflação estar alta.