Imagem por Freepik
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A possibilidade de tingir de vermelho a camiseta da seleção brasileira incendiou recentemente os ânimos na internet. O que seria uma jogada de marketing transformou-se, ao olhar de muitos, um estandarte, que partindo de Brasília, ameaça engolir a paixão nacional.

Nossa história no futebol foi construída com tecido das cores da bandeira nacional: verde, amarelo e azul. De Garrincha a Pelé, de Falcão a Zico, de Ronaldo a Rivaldo o legado da seleção canarinho é, talvez, o último grande símbolo que representa o patriotismo no imaginário do brasileiro. Uma identidade que, se esquecida, condena um povo à deriva, pronto a sucumbir em uma geração. Alheio aos perigos e presa fácil de maliciosos.   

A escolha de uma cor que evoca sangue e correntes políticas parece querer minar este último símbolo de identidade nacional. Digo, porém, que o Brasil já é vermelho – não pelas manobras ideológicas que podemos ver em Brasília, menos ainda pelo posicionamento de nossas instituições, tampouco pelos laços arrepiantes dos políticos. Mas pelo rubro que abocanha as contas públicas. Essas, mês a mês, sangram com déficits crônicos, com dívidas quase impagáveis.

Ao vestiram a camiseta da seleção vermelha, as famílias estarão uniformizadas com a situação de grande parte dos brasileiros. O número de brasileiros com alguma conta atrasada passa de 70 milhões enquanto o volume de crédito de pessoas físicas ultrapassa R$ 4 trilhões, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Banco Central. O preço do ovo, preço do café, preço da carne, preço do pão dão mais um banho de tinta no bolso do brasileiro.

Em um lapso de nacionalismo, uma auditoria do Tribunal de Contas da União revelou práticas que ameaçam a credibilidade das contas públicas. Algo que pode ser visto como um possível esforço do governo de deixar a situação menos alarmante.

Embora alguns lamentem o declínio da nossa seleção canarinho. A economia brasileira rasteja, com o peso dos gastos do governo. Esses se convertem em dívida e inflação, principalmente, nos preços dos alimentos. Com uma ânsia de manter a economia aquecida, as inúmeras medidas de incentivo ao crédito jogaram diversos brasileiros em dívidas com juros altíssimos. Tingiu-se, assim, o Brasil de vermelho — não o vermelho do amor, mas o da ruína, que ameaça apagar o último brilho da identidade nacional.