O presente artigo tem como coautor Pedro Dytz Marin, Estudante do Primeiro Ano do Ensino Médio – Colégio Sagrado Coração de Jesus.
É natural ouvir inúmeras críticas a incontáveis assuntos e acontecimentos. Ouvimos isso todos os dias, inclusive, fazemos isso todos os dias. Quem não critica, discute ou debate tem como silêncio seu maior princípio, e convenhamos, essa escolha é um equívoco, uma infelicidade.
Partindo daí, viemos falar de uma crítica recorrente, que rouba nossa atenção e nos faz, acima de tudo, pensar. A frase tem variações, mas, na maioria dos casos se repete: “As pessoas não leem mais”.
De fato, o número de leitores vem diminuindo exorbitantemente, isso é perceptível, mas, nós, podemos assistir o abandono de camarote, olhando para o ambiente escolar e acadêmico. Todavia, não é esse, exatamente, o ponto a tratar.
O que viemos expressar pode ser sintetizado em duas indignações: à crítica citada e à uma nova, que preocupa muito mais.
Ler é apenas uma subdivisão desse segmento muito abrangente chamado “arte”. A arte… sim… com seu brilho arrancado do esbelto rosto cada vez mais, e mais, e mais.
Tudo é antropocêntrico, o homem decide suas órbitas e retira delas um conteúdo, um objeto singular, sem derivações. O que impera é nada mais, nada menos que seu próprio eixo, a famigerada figura do “eu”. E isso é preocupante de mais.
Centralizamo-nos e fazendo isso, damo-nos uma importância que nos sobrecarrega, e contraditoriamente, nos tornamos vazios. Isso redunda numa cascata de tristezas e desperdiço de potencial. É o retrato do séquito às pílulas azuis da felicidade que a pós-modernidade trouxe.
Tendo isso em vista, em vez de tentar preencher nossa pobreza de espírito com algo de valor, abrimos a porta da mente às futilidades e não a fechamos. Escutamos música para dançar ou reviver problemas – como o sofrimento, nada tenaz, da “sofrência”. Vemos filmes para obstinar o impossível, lemos mensagens para ter informações privilegiadas sobre a vida alheia…
Claro que jamais desprezaríamos um funk, sertanejo ou blockbuster …ou mesmo o atavismo do whatsapp, mas, ao mesmo tempo, por que não nos permitirmos outro ponto de vista?
Por que não escutamos música que traz aos rostos sorrisos espontâneos (sem qualquer discriminação de gênero musical)?
Por que não assistimos filmes que nos proporcionam novos olhos ao real, ao que está à nossa frente?
Por que não lemos textos que somam ao conhecimento, que trazem emoção e empatia?
Isso traria a bagagem necessária para o “eu” fazer diferença nos “outros”.
O abraço da arte é sensível e reconfortante. Pode mudar o que nos parece imutável.
Nietzche não era onisciente, mas afirmou, convicto, algo que levamos como verdade. A função genuína e despretensiosa que a dádiva tratada usa como alicerce:
“Temos a arte para não morrermos da verdade”.