Opinião

Não é final de campeonato

Não é final de campeonato


 

Olha, até onde se sabe, ou seja, pelas últimas informações que temos, está confirmado pra esta tarde às 14 horas o depoimento do ex-presidente Lula na operação Lava Jato. É que são tantas reviravoltas que não se pode duvidar de nada.

São redundantes e retumbantes as derrotas que a defesa do ex-presidente vem sofrendo nas cortes nestes últimos dias. Ele não obteve aquilo que seria um escândalo, o impedimento do Juiz Sérgio Moro como o magistrado do caso; não obteve o adiamento em 90 dias para a análise de provas, examinado pelo Tribunal de Justiça Federal, da 4ª Região, que é a segunda instância – ou seja os recursos contra as decisões de Moro precisam ser feitos aqui, em Porto Alegre para o tribunal. Os documentos que a defesa queria estudar somariam cem mil páginas e foram aditados ao Processo pela própria defesa do ex-presidente. Procrastinação? Parece que sim.

Ontem ainda, em Brasília um outro tribunal federal resolveu suspender as atividades do Instituto Lula. Parece que o ex-presidente vive mesmo seu inferno astral.

Diante de todos os depoimentos contra ele, diante de todas as negativas e más notícias provenientes dos tribunais, resta a Lula fazer e dizer o quê?

Exatamente o que tem feito: transformar seu depoimento em evento político. Fazer hordas invadirem Curitiba que hoje tem áreas sitiadas. Utilizar o argumento de que as denúncias contra ele são apenas depoimentos de quem está sendo coagido com prisão.

Tem quem discorde, mas vamos ser sinceros: era grande, por tudo que se viu e vê, a possibilidade de Moro dar voz de prisão ao ex-presidente hoje. Como o clima foi ficando tenso e politizado, este risco foi sendo afastado pelo próprio magistrado – ou seria jogo de cena dele? Saberemos ao final do dia.

Claro, Lula não poderá se portar como um ente acima da lei, não vá por dedo em riste na cara do Juiz como costuma fazer o jogador D´Alessandro. Precisa ser respeitoso e convincente. Ele terá à sua frente um juiz que tomou ares de acusador e inquisidor. Moro parece ter assumido papeis que a mídia e o imaginário popular lhe concederam. Mas é preciso conceder e lembrar, conforme o próprio magistrado andou fazendo nas redes sociais recentemente, que hoje nada mais se fará do que uma oitiva para instruir um processo. Não haverá julgamento sumário nem condenação. Não haverá decisão por pênaltis. Portanto, melhor guardar os apitos e os foguetes e reduzir a expectativa.