O Antônio Luis é daquelas pessoas ricas em nuances, complexas em pensamentos e fáceis de se gostar. Ele está na Itália, com a filha e a esposa e possivelmente com amigos, porque esta é uma de suas tantas habilidades. O Antônio é daqueles caras pra quem você pode pedir as calças, ele vai dar um jeito. Hoje ele está doente e não precisa de calças, só precisa de orações, de energia pra se restabelecer.
O Antônio, como já disse, é um grande cara. Fala muito, é criativo e cheio de ações. Enfim é uma usina de ideias, a mente em ebulição sempre, de modo a não conseguir dar conta de tudo. Mas ele é altruísta: divide sua riqueza sem a menor parcimônia. Ele gosta de compartilhar e encontrar parcerias.
Quando cheguei em Bento eu já era adulto e ele uns dois ou três anos mais velho. Não ficamos amigos logo, só uns dez anos depois. Foi numa viagem para a Alemanha que nos conectamos melhor. Estar longe de casa é uma bela oportunidade de conhecer as pessoas que estão conosco. Um quebrando o galho do outro. Um entendendo as manias do outro. Voltei da Alemanha e contei pra alguém que ele era o cara mais legal e parceiro. Um ano depois esta mesma pessoa foi a uma feira na Itália com ele e voltou pra me dizer que concordava. Havia conhecido o Antônio de verdade. Sempre atencioso e solícito
Passamos perrengues e situações engraçadas. Fizemos outras feiras juntos. A última foi em setembro de 2019, a Wine Brasil, aqui mesmo em Bento. Andamos de um lado para o outro e ele parecia não cansar nunca. Sempre mais uma tomada de imagem, mais uma entrevista e a preocupação em guardar tudo para uso futuro. Documentar em vídeo, áudio e foto era quase um mantra.
Naquele setembro comemos massa com uns italianos que vieram com ele, desfrutamos de um belo domingo no Bah Barbecue, sempre falando sobre projetos de comunicação para os próximos anos. O Antônio sempre está pensando no futuro, no rádio e nos meios de comunicação de amanhã. Ele tem isto em comum com o irmão Carlos. Aliás, os dois Piccoli junto com o Fernando Rachelle e com o Alfredo Cousandier, foram responsáveis por uma época de ouro no rádio da serra nos anos 80 e 90. Com a prematura morte do Rachelle e o redirecionamento do Cousandier a outros negócios, só os dois irmãos tiveram a oportunidade de fazer a transição para este novo século em que rádio também é imagem, também é texto, mas nunca deixou de ser informação e entretenimento. Eles sempre estão por dentro.
O Antônio Piccoli não está bem e não posso visitá-lo. Não sei se ele volta tão cedo, espero que sim, pra um daqueles jantares na casa do Bacca com muita risada – aliás o sorriso no rosto é outra marca registrada dele. Talvez esta devesse ser uma carta pessoal endereçada para algum CEP na Itália, mas reproduzo aqui como forma de homenagem a uma pessoa tão estimada. Espero que ele receba estas palavras como um resgate do passado bom e uma profissão de fé num futuro melhor.