Macunaíma e a gasolina

A história é conhecida. Nosso herói nasceu no monte Roraima, na fronteira norte do país, e decidiu ir até são Paulo buscar o talismã que ele havia recebido de seu amor, mas tinha perdido.

Já no início da viagem, décadas atrás, o petróleo sofreu um choque por uma crise mundial, e foi dito por pouquíssimas pessoas para Macunaíma que a solução era modernizar a Petrobrás, diversificar os combustíveis, e melhorar os carros.

E ele respondeu: – Ai! que preguiça!

Não fez nada. Seguiu o seu caminho, pagando o preço mais caro para a gasolina.

Algum tempo depois, novo choque nos combustíveis. Preocupado com o aumento do preço, Macunaíma foi buscar aconselhamento e escutou de especialistas em economia, tributos, e produção, que a solução era simples, mas trabalhosa: reduzir tributos da gasolina, acabar com o monopólio da Petrobrás, reduzir a intervenção do governo, abrir o mercado e modernizar a empresa.

Macunaíma coçou a cabeça, olhou para o lado e suspirou: Ai! Que preguiça!

E seguiu pela estrada, com menos dinheiro no bolso e menos combustível no tanque.

Dobrando a esquina entre uma estrada e outra, passando pela fronteira de um Estado, ele congela, surpreso. Mais um aumento! O que fazer?!

Foi escutar o oráculo da cidade e do mato e escutou que a solução era simples, mas engenhosa: bastava reduzir os tributos estaduais e os federais sobre os combustíveis, privatizar a Petrobrás, abrir o mercado, permitir o autoatendimento nos postos de gasolina, e claro, trocar a gasolina por carros elétricos.

Ele pensou, pensou. Viu que os tributos da energia elétrica eram tão altos quanto dos combustíveis. Sentou ao lado da estrada e murmurou:

– Ai! Que preguiça!