Machismo estrutural: de quem é a culpa? Machismo estrutural: de quem é a culpa? Machismo estrutural: de quem é a culpa? Machismo estrutural: de quem é a culpa?
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A sociedade em que vivemos é fruto de uma longa construção histórica marcada pelo patriarcado. Desde tempos remotos, a força física legitimou a autoridade dos homens, criando estruturas de poder que persistem até hoje. Embora as leis modernas coíbam agressões, a legislação não consegue regular desejos ou pensamentos – e, no íntimo, muitos ainda preservam comportamentos “selvagens”, mascarados pela aparência de civilidade.

Nesta semana, tivemos um exemplo alarmante no Parlamento, que escancarou o quanto o machismo está enraizado nas instituições. Expressões como “ponha-se no seu lugar”, dirigidas a uma Ministra durante um debate, revelam que a crença na superioridade masculina ainda tenta inferiorizar e silenciar as mulheres. Não se trata de um caso isolado — é sintoma de algo estrutural.

Porém, o problema não se resume aos homens machistas. Nas redes sociais, inúmeras mulheres defenderam a agressão verbal proferida – justamente aquelas que deveriam se unir contra tal covardia, acabam, paradoxalmente, colaborando para perpetuá-la. Essa adesão feminina à lógica patriarcal reforça o poder masculino, ao legitimar o injustificável com base na própria conivência.

Diante dessa reflexão, qual o impacto que figuras “dissidentes” causam no próprio movimento que deveriam fazer parte? A resposta é incômoda, mas necessária. O machismo está diretamente ligado ao poder de mando. Quem o detém – ou almeja detê-lo – tende a preservá-lo, independentemente de gênero. A alternância de papéis entre homens e mulheres não elimina vícios comportamentais, desde que esses vícios sirvam aos interesses de quem os pratica.

Podemos ir além: quando indivíduos historicamente marginalizados conseguem ascender da periferia ao centro do poder, será que olham para trás com a mesma empatia? Ou será que seus valores se moldam ao novo patamar social, esquecendo a realidade que um dia foi a sua? O desejo de manter privilégios pode ser tão opressor quanto o desejo de conquistá-los.

Portanto, muitas vezes, o nosso maior adversário não está fora — está entre nós. A disputa central não é sobre gênero, mas sobre a conquista e a manutenção do poder. Que possamos, como sociedade, transcender essas armadilhas e buscar um propósito maior: o bem comum. Que assim seja!