
São Paulo se tornou, nesta semana, o centro do debate global. De 7 a 10 de outubro, a cidade recebe o Horasis Global Meeting pela primeira vez na América Latina. Estou aqui para falar das lideranças que o Brasil precisa, carregando uma pergunta que não me abandona: Que Brasil queremos liderar no século XXI?
Não é por acaso que São Paulo foi escolhida. Esta escolha simboliza uma mudança de eixo no debate global, refletindo o fortalecimento do Sul Global nas decisões que moldam nosso futuro. Mais de 1.200 líderes de 70 países vêm ao Brasil discutir “Aproveitando o Poder da Cooperação” – exatamente o que nossa liderança consciente propõe.
O Paradoxo que Nos Define
Somos o país que abriga a maior floresta tropical do mundo, mas ainda tratamos preservação como “obstáculo ao crescimento”. Temos uma das populações mais criativas e resilientes do planeta, mas nossos índices educacionais nos constrangem. Possuímos um mercado interno gigantesco, mas nossa infraestrutura ainda patina no século passado. O que nos falta não são recursos. O que nos falta são líderes-ponte.
Frank-Jürgen Richter, fundador do Horasis, tem uma visão clara: “O futuro não será desenhado em salas fechadas, mas na intersecção entre diferentes perspectivas.”. É exatamente isso que chamo de liderança-ponte a capacidade de conectar mundos que hoje vemos como separados: academia e mercado, sustentabilidade e competitividade, tradição e inovação. Líderes que entendem que o futuro não se constrói escolhendo entre desenvolvimento e preservação, mas integrando ambos de forma que um potencialize o outro.
A Revolução da Consciência
Esta é a revolução que o Brasil precisa: líderes que se conhecem profundamente e atuam com autenticidade. Entendemos tudo sobre máquinas e algoritmos, mas muitos de nós não se conhecem verdadeiramente. Como podemos liderar na complexidade e incerteza sem clareza sobre quem somos?.
Como disse Richter: “A cooperação não é uma escolha é uma necessidade.”. Nenhum país, governo ou empresa consegue enfrentar sozinho os desafios que temos pela frente. O líder consciente que o Brasil precisa entende isso profundamente. Ele não vê o social, ambiental e econômico como caixas separadas, mas como um ecossistema onde a cooperação gera resultados que a competição isolada jamais alcançaria. Para ele, a Amazônia não é obstáculo é a maior oportunidade de bioeconomia do planeta. Educação não é gasto é a base da inovação que nos diferenciará globalmente.
Os Rastros que Estamos Deixando
Este momento é estratégico. O Brasil se prepara para uma sequência histórica: G20 em 2024, COP30 em 2025, Expo 2027. O Horasis antecipa essa agenda, projetando nosso país como hub de cooperação internacional. Que Brasil queremos apresentar ao mundo nessa década decisiva?
Cada decisão que tomamos hoje – seja na gestão de uma empresa, na liderança de uma comunidade ou na condução de políticas públicas – está desenhando o Brasil de 2030, 2040, 2050. Que rastros queremos deixar?.
- Rastros de uma nação que fez da diversidade sua força inovadora?
- Rastros de um país que transformou sustentabilidade em vantagem competitiva global?
- Rastros de uma economia que cresceu incluindo, não excluindo?
- Rastros de líderes que construíram pontes onde outros viam abismos?
O Convite à Liderança-Ponte
O que mais me inspira no Horasis é sua proposta de incluir não apenas a elite dos negócios, mas jovens empreendedores, líderes comunitários, cientistas e sociedade civil em pé de igualdade. Esta é a liderança que precisamos: aquela que reconhece que as melhores soluções nascem da diversidade de perspectivas, não da homogeneidade de privilégios.
No Horasis, falarei sobre o potencial brasileiro para líderes globais. Mas a verdadeira transformação não acontecerá em um palco internacional. Ela acontecerá quando cada um de nós decidir ser um líder-ponte em nossa esfera de influência. Quando entendermos que liderar o Brasil do século XXI significa:
- Conectar academia, governo e iniciativa privada em propósitos comuns.
- Cooperar em vez de apenas competir.
- Inovar sem destruir nosso patrimônio natural e cultural.
- Crescer de forma que cada brasileiro se sinta parte da prosperidade.
- Competir globalmente com nossa identidade única, não copiando modelos alheios.
A Pergunta que Nos Define
O Brasil tem tudo para ser protagonista global. Como afirma Richter, “a economia de São Paulo, sozinha, supera a de muitos países latino-americanos somados. Mas o mais relevante é o capital humano e intelectual que o Brasil oferece.”. Temos recursos, talento, criatividade e uma resiliência testada por séculos. A única pergunta que resta é: temos líderes com consciência suficiente para transformar potencial em realidade?.
A resposta não está apenas nas mãos de quem estará no Horasis. Está nas suas mãos também. Frank-Jürgen Richter lança um convite direto aos brasileiros: que não vejamos o evento apenas como vitrine, mas como oportunidade real de cocriar soluções para o mundo. “O planeta precisa da criatividade, energia e inteligência coletiva que o Brasil tem a oferecer.”.
Que história você está ajudando a escrever?. Uma de cooperação ou competição?. De pontes ou muros?. De liderança consciente ou inconsciente?. Porque os rastros que deixarmos agora determinarão se o Brasil será lembrado como o país que “quase deu certo” ou como a nação que redefiniu o que significa ser uma potência emergente consciente no século XXI.
O futuro está sendo escrito agora, em São Paulo, no Horasis, e em cada decisão que tomamos. E cada um de nós tem uma caneta na mão.
Que história você está ajudando a escrever?