Opinião

Ford, Musk e a balsa

Ford, Musk e a balsa

Ford, Musk e a balsa… quando em setembro as enxurradas encheram o Rio das Antas e seus afluentes, inundando ainda o Rio Taquari e outros em direção à região de Lajeado, cidades inteiras foram devastadas. Os estragos se concentraram em Santa Tereza, Roca Sales e Muçum e em grau menor, mas igualmente letal em cidades vizinhas.

As chuvas deixaram uma marca indelével, seja do ponto de vista de perdas humanas, materiais, psicológicas. Outras chuvas fortes vieram após setembro para desespero de quem ainda não havia absorvido o primeiro e colossal choque.

Num primeiro momento era necessário acudir as pessoas, realocá-las, fazer as cidades atingidas terem uma mínima normalidade na sua dinâmica. Por aí passam a limpeza das casas e ruas, o trabalho/negócio das pessoas e a volta às aulas. Tudo extremamente necessário e boa parte resolvida por meio de mutirões com a própria população atingida e centenas de voluntários arregaçando as mangas. Prefeituras usaram de todos os recursos disponíveis e só agora verão como arcar com as despesas.

Em seguida veio a perplexidade pela aniquilação de boa parte da infraestrutura viária. Asfalto corroído e pontes varridas. E aí sobrevieram duas situações paralelas e diametralmente opostas. Em Nova Roma do Sul a comunidade se mobilizou e com recursos da iniciativa privada a ponte foi refeita nos moldes da antiga. Preserva-se, na medida do possível, um legado material histórico. Não houve pretensão do melhorias, apenas em pouco mais de 4 meses restabelecer as condições prévias à tragédia.

A ponte entre São Valentim do Sul (Santa Bárbara) e Santa Tereza tem uma história diferente. Era uma ponte grande e de concreto e cara. A travessia do rio naquela altura exigia um percurso de pelo menos mais uma hora e meia. A solução emergencial e imaginava-se, sensata a foi a vinda de uma balsa. Pois é, recuamos no mínimo 70 anos no tempo.

A chegada da balsa ao ponto da travessia foi uma saga digna mesmo de uma volta ao passado. A eficácia da travessia, em pouco mais de 24 horas, se viu, já não comporta o fluxo de veículos que circulam em 2024. A solução paliativa não deu conta. Rio baixo, falhas mecânicas e excesso de veículos conspiraram. Indignação de quem precisou esperar até cinco horas para uma travessia. A conclusão lógica é que ante a solução emergencial era melhor ter encarado o trajeto de uma hora e meia além do normal.

Toda esta situação serviu para que políticos, sim eles, e empresários além de lideranças comunitárias espontâneas chegassem à inevitável constatação: será preciso, o quanto antes, refazer a ponte.

O custo é alto e vai ser necessário o esforço conjunto da iniciativa privada e especialmente da pública, que afinal cobra impostos elevados para isto.

Que a fórmula de arrecadação, projeto, licenças e construção venham de forma rápida, de acordo com a velocidade exigida no século XXII. Precisamos lembra que a era Ford passou e mesmo que tenha deixado contribuiç~poes inegáveis, hoje vivemos os tempos Musk/Tesla. Mas, enquanto a solução definitiva não vem, paciência com a balsa.