Espiritismo - Alma Gêmea

As relações sentimentais são processos evolutivos para edificação da felicidade, muitos chamam de “alma gêmea” o encontro da pessoa que lhe completa e satisfaz. Entretanto, o encontro desta outra metade não se dá somente pela vontade, mas principalmente pelo influxo vibracional.

Há dois fatores que devemos diferenciar nesta análise. A questão relacionada aos sentidos ou materiais que diz respeito à paixão corporal. E a condição espiritual eletromagnética ou afinidade de pensamento relacionada ao amor.

A primeira, embora sendo um sentimento intenso, não é profundo e duradouro, causa unicamente impulsividade e inquietação, um excesso de admiração, muitas vezes traz sintomas de intensa atração e de desejo desenfreado. A própria origem do termo paixão significa sofrimento. Esta é a razão para explicar que por onde ela passa, não raras vezes, deixa um rastro de dor e arrependimento. Para Aristóteles paixão é um desejo insaciável e alimenta-se de tudo, onde a razão não é capaz de induzir ou atuar. Não por acaso, o termo religioso “Paixão” é usado para explicar todos os tormentos sofridos por Nosso Senhor Jesus Cristo por ocasião de sua crucificação.

Amor e paixão são sentimentos intensos, mas totalmente distintos. O amor está muito além das aparências, é aliado da inteligência e da lucidez equilibrada. Os valores mudam e os belos olhos ou aquele sorriso encantador, são apenas coadjuvantes do sublime sentimento, fazendo resplandecer e visualizar a “beleza interior”.

Contudo esta visão ou percepção não se dá pelo uso dos sentidos ou até mesmo da razão, este sentimento é uma conexão magnética de identificação de padrões vibracionais que se complementam, se unem e somam-se, provocando assim uma evolução conjunta entre os indivíduos. Uma espécie de código genético espiritual, que admite apenas aquela compatibilidade, assim como uma transfusão de sangue, onde apenas o fator RH semelhante irá ser aceito, uma chave que proporciona a almejada felicidade.

Nesta perspectiva, a ligação espiritual ocorre com frequência, pois se dá através de ondas psicossomáticas emanadas e captadas a nível paragenético, ocorrendo por vezes, transmissões de pensamentos e sensações que o outro sente, como sendo consigo mesmo, uma unidade.

Na viabilidade deste “encontro”, há ainda por considerar nossa vida pretérita. Os fatores que unem as pessoas são sempre os mesmos, atraindo os afins, com os mesmos sentimentos e propósitos. O processo reencarnatório tende a se repetir e as pessoas novamente a se reencontrarem, pois as qualidades e imperfeições se identificam, embora mais suavizadas pelas circunstâncias da nova vida.

Imaginem uma cidade que venha nascer um grupo de pessoas que em outro momento histórico conviveram, onde seus valores e emoções permanecem iguais. Não é difícil supor que, cedo ou tarde, irão se aproximar e conviver. Assim, o encontro da pessoa “certa” não se dá inicialmente de forma corpórea, mas espiritual.

Então, quando estas pessoas novamente se aproximam, os laços tendem a se fortalecer e a força desta atração magnética se torna irresistível, uma vez que guardam em seu íntimo reminiscências de tudo aquilo que a outra pessoa considera importante e, mais uma vez, se unem e reconstroem seus sonhos dando continuidade a história que tiveram.

Esta tendência de repetição irá prevalecer até que, aos poucos, serão lapidadas as compulsões, fazendo surgir valores menos individualistas. Neste sentido, as discussões e o egoísmo de nada importam, pois o que era dois agora é um, ligados harmoniosamente pelo amor, que jamais irá lhes desligar.

O que pretendo demonstrar é que o encontro da alma gêmea não se dá de forma mágica, mas através de uma construção vivencial histórica.

Estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de separar as “almas gêmeas”.

Escrito por Mauro Falcão, em 10.06.2021, baseado em Romanos 8:38-39, para o Portal Leouve e Tábuas da Verdade.