Universo. Imagem por Freepik
Universo. Imagem por Freepik

O avanço exponencial da inteligência artificial e da genética coloca a humanidade diante de questões éticas, filosóficas e espirituais sem precedentes. Hoje, discutimos não apenas a possibilidade de replicar corpos humanos, mas a possibilidade de gerar receptáculos perfeitos para a consciência. Nesse cenário, uma provocação emerge: seria esse o verdadeiro propósito da espiritualidade superior? O homem recriando a si mesmo, deixando ao Divino a tarefa exclusiva de insuflar a centelha do espírito?

A ciência já nos permite manipular genes, eliminando doenças hereditárias e potencializando características físicas e mentais. Enquanto isso, a tecnologia inteligente ou “IA” alcança níveis de sofisticação que simulam o pensamento humano. O que nos separa de criar, no futuro, corpos humanos plenamente funcionais? Essa questão evoca um dilema primordial: o que define a vida? É a forma física, a funcionalidade biológica ou o sopro divino que chamamos de espírito?

No relato bíblico: Deus forma o homem do pó da terra e, ao soprar o fôlego da vida concede-lhe a existência plena. Isso encontra eco no livro de Daniel 7:4, onde um leão com asas de águia é transformado em algo mais elevado: “Enquanto eu olhava, as suas asas foram arrancadas, e ele foi erguido do chão para que se pusesse em dois pés como homem, e lhe foi dado um coração de homem.” Essa metamorfose simboliza um processo de elevação, em que o físico e o simbólico convergem para a criação de algo superior, remetendo, de maneira sutil, às ideias de transformação presente no pensamento evolucionista proposto por Darwin.

Diante disso, surge uma reflexão: se o homem alcançar a capacidade de criar corpos perfeitos, estaria ele assumindo um papel secundário no plano divino como co-criador? Por outro lado, desenvolver corpos sem compreender o propósito mais elevado do espírito não seria um esforço estéril, perpetuando a ausência de significado e a desconexão com o essencial? Talvez o verdadeiro projeto transcendental seja ensinar o homem a ultrapassar sua condição material e compreender que, mesmo como criador, ele permanece subordinado àquele que criou tudo.