Repetidas vezes, ocupamos nossos espaços para falar do papel que o advogado tem de exercer em várias situações, a fim de se desincumbir de sua missão para com as pessoas e com as empresas. Desta feita, aproveitando que estamos no mês de agosto – no qual celebramos nossa profissão – vamos falar em defesa da própria Advocacia.
Nessa hora, na qual parece se apresentar uma longa noite a ser atravessada, representada pelo atual momento punitivo brasileiro, precisamos denunciar e resistir à tentativa de criminalização da Advocacia. Já escrevemos, outro dia, sobre as máscaras que muitas vezes uma parcela da sociedade veste: quando alguém é processado (especialmente se for um “poderoso”), querem condenações sumárias; quando é “comigo”, ou com as personalidades com as quais temos afinidade, já se brada pelo então sagrado direito de defesa e devido processo legal, por respeito às garantias constitucionais.
Isso muito se vê, desde aquela piadinha, aparentemente inocente, sobre advogados (mas esquecendo que, quando os problemas ou a injustiça batem à porta, é exatamente o advogado que lhes irá salvar) e tem ficado cada vez mais grave no meio social, pela tentativa de confundir o advogado com o cliente – ou com o delito pelo qual ele é acusado, com o problema por ele enfrentado, com o escândalo no qual esteja, eventualmente, envolvido –.
Caro leitor, Advogar é uma forma de estar no mundo muito particular. Se é em tempo integral, quando não porque se trabalha e pensa sobre os casos sob os nossos cuidados longe dos expedientes usuais (das 9 às 17 horas), por conta de ser consultado sobre todos aspectos jurídicos da vida na academia, em eventos, via whatsapp. Mas, para além disso, Advogar é ter voz, é garantir que alguém tenha o direito de ser ouvido.
Por tal razão, cada processo tem que ser tratado como se fosse o único e advocacia não pode ser algo mecânico. O Advogado deve respeitado e respeitável, sendo sempre um instrumento de obtenção da Justiça, e não apenas cumprir papel formal (pois a lei exige sua presença). A grande missão do advogado é precisamente emprestar a voz a alguém que lhe confiou esta incumbência. Não é pouca responsabilidade. Tendo aceito a missiva, temos de fazê-lo por entender a pessoa como digna do nosso melhor, passando a atuar de forma intransigente na busca por um processo justo, na defesa das garantias constitucionais. Afinal, como disse Hemnigway: “Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra.”